segunda-feira, setembro 29, 2025

Paraná teve a menor taxa de recusa familiar para doação de órgãos do Brasil em 2024


A decisão de doar órgãos no Brasil, ainda que seja manifestada em vida pelo paciente, depende da autorização da família. No Paraná, a abordagem profissional e sincera tem se mostrado mais eficaz quando comparado aos outros estados brasileiros, o que garantiu ao Paraná a menor taxa de recusa familiar do País em 2024 – apenas 28%, comparada à média nacional de 46%.

Nesse período foram realizadas 854 entrevistas, com apenas 236 recusas. Em todo o Brasil foram 8.915 entrevistas e 4.083 recursas.

Outros estados do Sul e Sudeste também têm taxas altas, como Rio Grande do Sul (47%), Minas Gerais (42%), São Paulo (40%) e Rio de Janeiro (35%). Os piores indicadores são do Tocantins (84%), Amazonas (77%) e Mato Grosso (76%). Os dados são do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).

Em recortes mais recentes os dados também são bons. De janeiro a junho deste ano, a taxa de recusa do Paraná oscilou para 31% (383 entrevistas e 119 recusas), enquanto a média nacional ficou em 45%. Em São Paulo a taxa ficou em 39% e no Rio Grande do Sul em 47%.

Esse trabalho de destaque nacional é fruto da atuação das Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) e do gesto solidário dos familiares. No Paraná, 70 comissões, instaladas em hospitais, estão envolvidas no processo de doação de órgãos e tecidos. São mais de 700 profissionais de diversas áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. 

Essas comissões são responsáveis por identificar potenciais doadores, entrevistar e acolher as famílias, além de organizar, nos seus respectivos hospitais, o processo de captação de órgãos, em parceria com a Central Estadual de Transplantes e outras instituições envolvidas. A doação de órgão no Brasil só pode ser feita após o consentimento de um familiar do doador, mesmo que a manifestação seja feita em vida pelo paciente. 

De acordo com o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, a atuação da comissão é indispensável para a condução ética e segura do processo de doação, com foco no respeito aos envolvidos. “A taxa de autorização familiar, que considera apenas os doadores elegíveis, excluindo pacientes com contraindicação clínica, é o principal indicador da efetividade do processo de doação", disse. 

“Somos destaque nacional em doação de órgãos. O trabalho conjunto, as capacitações, a dedicação dos profissionais nesse processo, além, claro, da estrutura que o Paraná dispõe e a solidariedade e a consciência das famílias nos levam a esse protagonismo.”