terça-feira, agosto 08, 2023

Sete trabalhadores de nacionalidade paraguaia são resgatados no Paraná em condições análogas à escravidão

O Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) realizou o resgate de sete trabalhadores de nacionalidade paraguaia em condições análogas à escravidão. Os homens trabalhavam em uma plantação de mandioca na região de Pérola, município a aproximadamente 40 km de Umuarama, no noroeste paranaense.

O MPT contou com o apoio da Polícia Militar de Pérola e de Umuarama, além da Rotam de Umuarama, para inspecionar dois alojamentos na área urbana de Pérola e a plantação na área rural. No primeiro alojamento - com dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro - foram encontrados seis trabalhadores. No local foram constatadas irregularidades como condições precárias de higiene e falta de espaço e móveis adequados para que os homens pudessem dormir e fazer suas refeições. Na segunda casa - com três quartos, um banheiro e uma sala/cozinha - havia apenas um trabalhador. Ali também havia irregularidades relacionadas à falta de estrutura nos quartos - existia apenas uma cama e vários colchões no chão. De acordo com depoimento do trabalhador resgatado, a casa já serviu de alojamento para 12 pessoas.

Servidão por dívida - De acordo com os depoimentos prestados ao procurador do Trabalho André Vinicius Melatti, os trabalhadores foram contratados no Paraguai com a promessa de um salário maior do que o efetivamente pago. Além de receberem menos do que o combinado, os homens acabaram se endividando porque eram descontados pelo aluguel, pela alimentação, pelos equipamentos (botas, facões, chapéus) e até mesmo pelo Wi-fi instalado no local e pelo deslocamento de táxi do Paraguai até Pérola. "Isso caracteriza servidão por dívida. Como o trabalhador não consegue quitar o débito com o patrão, não tem como ir embora", afirma Melatti. Com os descontos, os trabalhadores acabavam recebendo cerca de R$ 50,00 por semana.