sábado, agosto 19, 2023

Lula adia de novo reforma ministerial e só deve anunciá-la após viagem ao exterior

Contrariando as expectativas tanto de seus articuladores políticos como de parlamentares do centrão, o presidente Lula (PT) deve finalizar a minirreforma ministerial para incorporar PP e Republicanos ao primeiro escalão depois da viagem que fará à África. O petista embarca neste domingo (20) para participar da cúpula do Brics.

Integrantes do Planalto dizem que a projeção mudou por duas razões. Primeiro, a dificuldade de definir o ministério do PP, sigla do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL).

O partido insiste em comandar o Desenvolvimento Social, pasta responsável pelo Bolsa Família.

Aliados de Lula dizem que ele resiste a ceder o ministério, atualmente chefiado por Wellington Dias (PT-PI). Porém, não descartam que ele acabe por atender a demanda.

Outros aliados de Lula, porém, dizem que o presidente quer ter garantias de que aprovará pautas caras na Câmara antes de nomear os novos ministros. Isto é, Lula não quer ficar refém do centrão. Pelo contrário, quer que os líderes demonstrem que estão comprometidos com a pauta do governo para então ceder o ministério.

Além disso, Lira e líderes de PP e Republicanos viajaram e não estão em Brasília nesta sexta-feira (18). O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que é responsável pela articulação com o Congresso, também estará fora –ele cumpre agenda em Barretos (SP) neste sábado.

Esse novo adiamento da reforma ministerial ocorre num momento em que matérias consideradas importantes pelo governo precisam ser apreciadas na Câmara e com novas queixas de líderes partidários sobre a articulação política do Planalto.

Além da conclusão da votação do novo arcabouço fiscal no plenário da Casa, há MPs (medidas provisórias) que perdem a validade no fim deste mês, como as que tratam do reajuste dos servidores federais e do valor do salário mínimo.

Uma reunião entre líderes da Câmara e Lira para tratar do arcabouço está prevista para ocorrer na segunda-feira (21), indicando que a matéria poderá ser votada. Parlamentares, no entanto, estão céticos que isso aconteça.