Os dados fazem parte do Relatório de Análise Criminal do Centro de Análise, Planejamento e Estatística (CAPE), que é o órgão oficial que regulamenta a parte estatística das Polícias no estado.
O número apresentado é menor, se comparado ao mesmo período de 2020, quando foram registrados 1210 casos. De acordo com a delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes de Curitiba (Nucria), Ellen Victer, a redução não quer dizer que os casos estejam diminuindo, “mas que seja em fato da subnotificação. O crime continua ocorrendo, porém, os registros não estão sendo feitos. As pessoas não estão se encaminhando até a delegacia para registrar a ocorrência ou fazendo através de denúncia anomia pelo Disque 100 e Disque 181. Em razão disto a gente tem visto esse cenário que não demonstra a total realidade do que está acontecendo no estado do Paraná”, relata.
Para conscientizar ainda mais a população sobre a necessidade de se denunciar esses casos de violência sexual contra crianças e adolescentes e, principalmente, estarem atentas ao comportamento deles para saber identificar o que está ocorrendo, desde o ano de 2013 uma lei estadual instituiu a “Semana Estadual Todos Contra a Pedofilia”. A lei 17637/2013, apresentada na Assembleia Legislativa do Paraná pelo deputado Gilson se Souza (PSC) e o então deputado Paranhos, tem o objetivo de conscientizar a população, através de procedimentos informativos, educativos, palestras, audiências públicas, seminários, conferências ou congressos, a fim de que a sociedade discuta iniciativas de combate ao crime de pedofilia. A Semana é compreendida no período de 13 a 18 de maio.
“Importante essa campanha para que a sociedade abra os olhos para essa realidade, crianças vítimas de pedofilia, abusadas e, normalmente, isso acontece dentro do próprio ambiente familiar”, alertou o deputado Gilson de Souza. “A proposta dessa campanha é a conscientização sobre essa realidade. Fazer também com que os pais estejam atentos a isso, que pode acontecer na sua própria casa, porque o pedófilo é uma pessoa aparentemente normal e que ganha a confiança da criança e não aparenta perigo para elas”, disse.
O deputado relatou ainda que a campanha ajuda a levantar o debate sobre o tema e, principalmente, alertar para que as pessoas denunciem esses crimes. “Objetivo é que as pessoas denunciem. Que elas sejam a voz das crianças que não tem voz”.
A delegada do Nucria também considera importante campanhas como essa, que reforçam a necessidade de se agir preventivamente. “A gente sempre repete que a delegacia atua na parte repressiva, depois que o crime acontece. Nada melhor do que a gente atuar, a sociedade como um todo, de modo preventivo. Toda e qualquer campanha é muito bem-vinda para orientar e prevenir que os crimes aconteçam”.
Outra lei estadual, a 18.798/2016 apresentada na Assembleia pelo deputado Ricardo Arruda (PSL), também reforça o alerta contra a pedofilia. A legislação determina que durante o mês de maio sejam exibidos, nas salas de cinema do estado, um filme publicitário de advertência contra a pedofilia e a prática do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Esses filmes deverão mencionar o serviço Disque 181, que é disponibilizado também para o recebimento de denúncias de transgressões aos direitos da criança e do adolescente.