sexta-feira, agosto 30, 2019

Guaraniaçu: MP investiga distribuição de vales-compras

Um inquérito civil instaurado pelo Ministério Público (MP), em Guaraniaçu, investiga a distribuição indiscriminada de vales-compras para moradores da cidade, principalmente servidores públicos, em 2014. A investigação atinge o ex-prefeito Juraci Ronaldo Cazella e a então secretária de Agricultura e atual vereadora, Zilda Maria Motta. 

De acordo com a denúncia formalizada ao MP, os vales-compras eram distribuídos de forma indiscriminada e davam direito a aquisição de alimentos, materiais de construção e até gasolina.

No caso da distribuição de combustíveis, há uma série de documentos assinados pela então secretária autorizando particulares a abastecerem seus veículos para participarem de “cavalgadas”. Nas requisições aparecem justificativas como “buscar tropeiros na cavalgada”, “buscar cavalos em Foz do Iguaçu”, “levar tropeiros na cavalgada de Cantanduvas”, “levar animais na ExpoToledo’, entre outros.

Na denúncia formalizada ao MP consta ainda que, supostamente, foram distribuídos para terceiros, 5.177 litros de diesel e 700 litros de gasolina, somente em 2014. Todas as autorizações partiram da Secretaria de Agricultura.

Também eram fornecidos medicamentos, sal mineral, ração mineral para bovinos e equinos. A compra desses materiais é, no mínimo estranho, já que o Município não possui em seu patrimônio gado ou cavalo. Os produtos foram adquiridos, quase que em sua totalidade, em um único estabelecimento comercial.

Outra aquisição feita pela prefeitura e que chama a atenção é a compra de materiais de construção, em novembro de 2014, que ultrapassou a casa dos R$ 20 mil. Também há excesso de compras de alimentos como filé de tilápia (113 quilos), linguiça defumada (62,5 quilos), carne (275 quilos) e produtos de supermercados.

A Promotoria investiga ainda alguns cursos realizados pela Secretaria de Agricultura em 2014, além de seminários, para saber se, efetivamente, os eventos aconteceram.

Outro lado

Procurado, o ex-prefeito Juraci Ronado Cazella disse que as denúncias foram apresentadas por dois secretários da atual gestão – um deles já deixou o cargo – e motivadas por questões políticas. “Não são denúncias, são calúnias”, afirma.

Cazella afirmou ainda que a mesma pessoa apresentou 18 denúncias contra ele e 14 foram arquivadas pelo Ministério Público, apenas quatro viraram inquéritos civis. Segundo ele, todas as contas dos oito anos de mandatos foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) e disse estar tranquilo.

O ex-prefeito destacou ainda que os problemas que surgiram ao longo da administração são todos técnicos. “Sem dolo, sem má fé, alguma coisa que gere multa, mas nada de improbo”, afirma.

Ele disse que irá mover ação judicial contra a atual administração por calúnia e por ter usado a máquina pública para imprimir mais de cinco mil fotocópias de documentos com dinheiro público para formalizar as denúncias que foram arquivadas. “Esse material saiu tudo de dentro da prefeitura”, afirma.

A ex-secretária e atual vereadora Zilda Maria Motta (PMDB) não atendeu as ligações feitas pela reportagem.