domingo, julho 16, 2017

PERIGOS da INTERNET - 'Por medo, fui escrava sexual', diz vítima de acusado de infectar mulheres com HIV

Acusado de contaminar propositalmente mulheres com o vírus HIV, Renato Peixoto Leal Filho, 45, se entregou no último dia 3 ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Desde maio, ele tinha prisão preventiva decretada pela Justiça por conta do artigo 130 do Código Penal --transmitir intencionalmente doença venérea por meio de relações sexuais-– e do artigo 129 –-lesão corporal gravíssima.

Mas, para Rosa*, a prisão do acusado não basta nem a tranquiliza. "Tenho medo de que ele seja solto. [No decorrer do processo] Ele ligou para duas de nós (as vítimas)", contou. "Só ficarei tranquila quando sair a sentença condenatória."

Ela disse ter conhecido ao menos dez outras mulheres que foram seduzidas por Leal, mas somente três seguiram adiante com as denúncias e figuram no processo, iniciado em 2015.

Em sua defesa, Leal tem dito que as mulheres com quem se relacionou sabiam que ele tinha o vírus e aceitaram ficar com ele. Ele negou ter feito sexo sem preservativo para contaminar as parceiras.

Ao jornal "Extra", porém, se contradisse ao concordar com a versão de uma de suas ex-namoradas de que ela teria descoberto sobre o vírus ao encontrar um exame na casa dele.

Em entrevista ao UOL, Rosa conta que o medo era um dos ingredientes usados pelo acusado para chantagear mulheres. Ela conviveu com Leal durante meses, em 2014, em sua casa, na Barra da Tijuca.

Muito jovem, ela passou alguns dias na casa dele e acabou ficando.

"Nunca fui extremamente apaixonada por ele, era um relacionamento baseado no medo. Eu tinha medo de voltar para casa e ser rechaçada [pela família] por ter ido para o Rio. Eu não queria falar para meus pais o que estava acontecendo e não queria ficar na rua. Tive medo do início ao fim", disse Rosa, que viajou de outro Estado para o Rio após conhecer Leal pelo Instagram.

"A gente acabava seduzida por ele, que era um ator"

As redes sociais eram o principal meio utilizado por Leal para conhecer aquelas que viriam a ser suas vítimas, geralmente bem mais novas do que ele. Com curtidas e mensagens privadas, as convencia a se encontrar com ele, segundo Rosa.

"Começaram assim, pela internet, todos os relacionamentos dele. Ele tinha tempo ocioso. Foi descrito pela imprensa como empresário, homem bem-sucedido, mas ele vivia na época com uma mesada de R$ 3.100 da mãe. Colocá-lo como empresário acabou deixando as vítimas como culpadas, fomos julgadas", diz Rosa.