quarta-feira, dezembro 03, 2025

Guarapuava - Secretário de Saúde pede demissão em carta acusando ingerência política, boicote interno, fura-fila e decisões tomadas “com base em fofocas'''

CAI ATIRANDO ........

O secretário municipal da Saúde de Guarapuava, Márcio Brunsfeld de Oliveira, pediu demissão em uma carta dura em que acusa ingerência política, boicote interno, fura-fila e decisões tomadas “com base em fofocas”, numa ruptura que escancara uma crise inédita na gestão municipal. Ele afirma que a situação ultrapassou limites éticos e tornou “insustentável” permanecer no cargo.

O prefeito de Guarapuava é Denilson Baitala (PL), citado diversas vezes na carta por supostamente reverter exonerações, ignorar alertas técnicos e respaldar práticas que, segundo o ex-secretário, contrariam o interesse público. O documento descreve uma relação de crescente conflito entre o gestor municipal e a equipe da Saúde.

O ex-secretário relata que identificou a prática de fura-fila dentro do sistema municipal de saúde, com responsabilidade direta de uma servidora. Após comunicar o caso ao prefeito, a exoneração foi determinada. No entanto, segundo ele, a funcionária foi recontratada logo depois em cargo superior, afirmando atuar sob orientação direta do próprio prefeito.

Brunsfeld também narra um episódio envolvendo a solicitação de aquisição de televisores para a rede municipal, com custo superior a R$ 700 mil. Ele afirma que houve pressão para autorizar o empenho, mas se recusou a assinar por considerar o procedimento inadequado e sem justificativa técnica, ressaltando que não haveria firmeza administrativa para impedir práticas potencialmente lesivas ao erário.

O ex-titular denuncia ainda boicote interno permanente dentro da pasta, promovido por grupos que tentariam transformar a gestão da Saúde em instrumento de dominação política, minando o trabalho das equipes comprometidas com eficiência e transparência. Soma-se a isso, segundo ele, o desprezo deliberado por recursos solicitados a outras esferas de governo por razões ideológicas, prejudicando a população independentemente de matiz partidária.

Na carta de despedida, Brunsfeld afirma que tentou manter a esperança de alinhamento com o prefeito, mas que as pressões e o respaldo a práticas contrárias ao interesse público inviabilizaram qualquer continuidade de trabalho. Ele critica desperdício de dinheiro público, descumprimento de compromissos e decisões que atendem interesses eleitorais.

O ex-secretário diz que o prefeito buscaria transmitir uma aparência de tranquilidade, mesmo quando pessoas reais sofrem, e que, por sua ótica, faltaria vontade política para enfrentar irregularidades. Declara que permanece na cidade e confia que “o tempo fará justiça”.

A crise na Saúde de Guarapuava se aprofunda com a saída explosiva do secretário, que coloca pressão sobre o prefeito e abre espaço para desdobramentos no Ministério Público e na Câmara Municipal, já que a carta aponta possíveis irregularidades, ingerência e desperdício de recursos. A gestão ainda não respondeu às acusações publicamente.

O município Guarapuava tem cerca de 189.630 habitantes segundo estimativa recente do IBGE. O eleitorado soma aproximadamente 133.888 pessoas, um dos maiores do Paraná. A distância de carro da capital estadual, Curitiba, é de cerca de 260 quilômetros.