sexta-feira, novembro 07, 2025

Nova Laranjeiras - Prefeitura tenta TAPAR o SOL com a PENEIRA , acolhimento ou ABANDONO através da REMOÇÃO involuntária ?

Nos último mês, tem sido observada uma prática alarmante em Nova Laranjeiras:  veículos da Secretaria Municipal de Assistência Social estariam recolhendo indígenas em situação de vulnerabilidade — muitos deles enfrentando sérios problemas de alcoolismo e saúde — e os levando de volta à Aldeia Rio das Cobras, sob orientação de “permanecerem por lá”. 

O que, à primeira vista, poderia parecer uma medida de acolhimento, na prática tem se configurado como uma forma de remoção e abandono, uma tentativa de “retirar o problema da vista da cidade”. A situação levanta questões graves sobre a postura da administração municipal diante de seus cidadãos indígenas. 

Onde está o respeito ao direito de ir e vir, garantido pela Constituição Federal?

 Onde estão as políticas públicas voltadas à recuperação e reinserção social dessas pessoas, que necessitam de acompanhamento médico, psicológico e social, e não de isolamento? Ao que tudo indica, o município tem preferido ignorar o problema.

 Enquanto os índices de vulnerabilidade crescem, o foco da gestão parece direcionar-se para a realização de festas e eventos milionários, que beneficiam uma pequena parcela da população e servem mais para autopromoção política do que para o atendimento das reais necessidades sociais. 

O contraste é gritante

De  um lado, camarotes lotados e fotografias com artistas; de outro, cidadãos indígenas sendo deixados à própria sorte, em meio à doença e ao esquecimento. 

E as consequências desse descaso vão muito além das aldeias e dos centros urbanos. Frequentemente, a BR-277, que corta o território municipal, se torna palco de tragédias anunciadas: jovens, mulheres, homens e até crianças têm suas vidas ceifadas em acidentes provocados pelo consumo excessivo de álcool. O problema do alcoolismo não é isolado — ele atinge famílias inteiras, gera dor, destruição e sobrecarrega o sistema de saúde. 

A ausência de ações preventivas, campanhas educativas e fiscalização efetiva reflete a falta de um plano municipal sério de enfrentamento à dependência química e à violência no trânsito. Enquanto isso, outros municípios paranaenses dão exemplos de que é possível agir de maneira diferente. 

Em Mangueirinha, foi criado um centro de atendimento especializado que oferece apoio psicológico, oficinas culturais e acompanhamento de saúde para indígenas em situação de risco. Já em Guarapuava, parcerias entre universidades e a Secretaria de Saúde têm promovido programas de prevenção ao alcoolismo e valorização cultural nas comunidades indígenas. São iniciativas que tratam o problema com a seriedade e o respeito que ele exige.

 Nova Laranjeiras, no entanto, segue na contramão. A ausência de políticas efetivas de saúde mental, de combate ao alcoolismo e de inclusão social demonstra não apenas falha administrativa, mas também indiferença diante de um drama humano que se agrava a cada dia.

 A responsabilidade de enfrentar essa questão é da gestão pública, que deve garantir o acesso a serviços de qualidade, respeitando as especificidades culturais e sociais do povo indígena — e, ao mesmo tempo, proteger toda a população de tragédias evitáveis que continuam ocorrendo em nossas estradas. É hora de repensar prioridades. 

O município precisa substituir o brilho das festas pela luz da consciência social, reconhecendo que não há desenvolvimento verdadeiro enquanto vidas continuam sendo perdidas, invisíveis e esquecidas às margens da BR-277.