Duas propostas que podem transformar a qualidade e a quantidade de atendimentos na saúde da Região de Guarapuava foram apresentadas na Assembleia Itinerante – e passou ao longe dos discursos políticos, hoje sedentos por ideias que turbinem as campanhas eleitorais.
Apresentadas pelos estudantes do curso de medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), uma das propostas defende a transformação do Hospital Regional de Guarapuava em Hospital Universitário (HU). Atualmente, o Regional é gerido por uma fundação ligada ao Governo do Estado (Funeas) e atende exclusivamente cirurgias eletivas – fugindo da finalidade para a qual foi construídalo, que é atender a população com várias especialidades e de "portas abertas".
O pedido para instalação do HU foi formalizado à direção da Assembleia Legislativa do Paraná pelo Centro Acadêmico Marco Antônio Zago (Camaz), que representa os estudantes de medicina da Unicentro.
A proposta segue um caminho que deveria seguir seu curso natural. A Unicentro é a única universidade estadual do Paraná com cursos na área de saúde – incluindo medicina, enfermagem e fisioterapia – que não dispõe de um hospital universitário.
O resultado é que a Região de Guarapuava, tão carente em serviços hospitalares, está sendo desprovida de um atendimento que poderia ser bem melhor. Com o HU, toda a estrutura de ensino e pesquisa, com estudantes e residentes, estaria voltada para a região.
Além disso, a gestão do Regional passaria a ser local, aumentando o orçamento financeiro e infraestrutura da Unicentro. No formato atual, o Regional é uma espécie de uma grande clínica, que atende pacientes do Paraná inteira, com cirurgias pré-agendadas. Originalmente, sua missão seria cuidar da saúde da população como um todo, sendo, também, um hospital referência em trauma.
Os estudantes justificam o pedido afirmando que o Hospital Universitário deve dar respaldo institucional às atividades de ensino, pesquisa e extensão, aproximando a universidade do modelo adotado por outras instituições estaduais do Paraná, como a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que já conta com um HU regulamentado por lei específica.
Segundo o Camaz, a ausência de um hospital universitário em Guarapuava coloca a Unicentro em desvantagem frente a outras universidades públicas do estado.
“O vínculo formal entre a universidade e o hospital garante estabilidade para projetos de ensino e pesquisa e amplia a segurança jurídica das práticas médicas”, argumenta o grupo no documento enviado à Assembleia Legislativa.
UNIDADE PEDIÁTRICA
Além da transformação institucional, os estudantes também reivindicam a abertura da Unidade de Enfermaria Pediátrica no Hospital Regional do Centro-Oeste. A medida, afirmam, ampliaria o atendimento à população infantil dos 20 municípios da 5ª Regional de Saúde e criaria novas oportunidades de prática acadêmica para alunos dos cursos de medicina e enfermagem.
Outro ponto levantado é a necessidade de criação e disponibilização de salas cirúrgicas destinadas ao ensino, demanda antiga que, segundo o Camaz, ainda não foi atendida pela direção do hospital.
A estrutura permitiria que as atividades práticas dos cursos da área da saúde ocorressem em ambiente adequado, sem prejuízo ao atendimento da rede pública.
O pedido reforça o debate sobre o papel do Hospital Regional de Guarapuava dentro da política de interiorização do ensino superior e da saúde pública no Paraná – uma discussão que, para os estudantes, ultrapassa as fronteiras acadêmicas e toca na própria estrutura de atendimento do Sistema Único de Saúde na região.
O Regional dispõe de uma ala destinada aos estudantes e professores da Unicentro. O setor foi construído sob pressão, depois que os estudantes do 5⁰ ano de medicina iniciaram um movimento público diante da falta de espaço para as aulas práticas que qualificam o curso.
