Como se já não bastasse a tarifação de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, surge agora uma nova ameaça, ainda mais letal.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), defende a taxação de 100% dos produtos brasileiros exportados para o mundo. A declaração foi feita pelo secretário-geral da aliança militar, Mark Rutte, em virtude de o Brasil manter relações comerciais com a Rússia. Segundo ele, Brasil, China e Índia também têm uma coparticipação, mesmo que indireta, nas mortes de ucranianos por conta da guerra travada com a Rússia. Ao comprar gás e petróleo dos russos, o Brasil estaria fortalecendo ainda mais a Rússia e por isso, deveria sofrer tais sanções.
O pronunciamento elevou ainda mais a tensão no setor produtivo e principalmente, a cadeia de pescados. Em entrevista o presidente do Sindicato Rural de Palotina e também produtor de tilápia, Edmilson Zabott, teme o pior se essa medida de taxação total dos produtos brasileiros de confirmar.
Por trás dos tanques e viveiros que movimentam a piscicultura brasileira, especialmente no Paraná, cresce a preocupação com os rumos do setor diante da decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros, incluindo pescados.
“Essa taxação vai ser extremamente grave, com reflexos econômicos e gerando desemprego”, resume Edmilson Zabot. O Paraná é responsável por mais de 40% da produção nacional de tilápia e pilar central para que o Brasil ocupasse o posto de quarto maior produtor mundial de pescado.
A preocupação de Zabot reflete um cenário que vem se desenhando há meses, mas que agora toma contornos mais dramáticos. Segundo ele, o impacto não se limita à perda de competitividade. O risco maior está no desmantelamento de uma cadeia que ainda busca se firmar como alternativa econômica, com investimentos pesados e financiamentos que ainda estão longe de serem quitados.
A possibilidade de perder o mercado americano é ainda mais sensível porque o setor já havia enfrentado dificuldades para acessar o mercado europeu, hoje praticamente fechado para a tilápia brasileira. “Conseguimos abrir o mercado americano e japonês, e agora podemos perder esse espaço também”, pontua.