Na foto uma muda de palmeira juçara. Foto: Ascom-LS.
Em uma ação conjunta, foram semeadas 4 toneladas de sementes de palmeira juçara em uma área de Mata Atlântica situada na comunidade Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu-PR. Já na terça-feira, dia 4, ocorreu a semeadura de 2 toneladas de palmeira juçara e 1 tonelada de araucária na Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras-PR. As ações integram as atividades da 2ª Jornada da Natureza, realizada entre os dias 3 e 7 de junho, durante a qual serão semeadas 12 toneladas de sementes de palmeira juçara e araucária em diversas regiões do Paraná.
A iniciativa é promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e conta com o apoio do Laboratório Vivan de Sistemas Agroflorestais da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Laranjeiras do Sul, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/PR), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). As atividades contaram com a presença de diversas autoridades, entre elas a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo e ministra do MDA, em exercício, Fernanda Machiaveli.
As sementes coletadas pelos camponeses foram lançadas em áreas de Mata Atlântica por um helicóptero da Divisão de Operações Aéreas da Polícia Rodoviária Federal. Além de contribuir para o reflorestamento de uma área de 100 hectares e a preservação da espécie, a ação também visa gerar uma fonte de renda alternativa para as famílias que vivem na região.
O professor Julian Perez Cassarino explica que o Laboratório Vivan de Sistemas Agroflorestais da UFFS - Campus Laranjeiras do Sul tem uma parceria com os agricultores vinculados ao MST para o desenvolvimento de ações de pesquisa e extensão com frutas nativas da Mata Atlântica, com mais de seis anos de trabalho. Além disso, o projeto de extensão da UFFS "Sabores da Agrofloresta - a fruta camponesa" ofereceu aos agricultores diversas oficinas sobre o beneficiamento de frutas nativas e, a partir disso, estabeleceram parcerias em diversos aspectos, desde orientações técnicas sobre o cultivo até a comercialização dos produtos. “É uma alegria participar do lançamento das sementes na área de reserva legal. Estamos mostrando que é possível produzir alimentos saudáveis não só conservando, mas também enriquecendo as nossas florestas.”
Em 2023, a UFFS também foi parceira no lançamento de 4 toneladas de sementes de palmeira juçara em uma área de 67 hectares de preservação, na mesma localidade. Conforme relata o docente, “dois estudantes do mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGADR) estão trabalhando em torno da proposta das frutas nativas. Uma das pesquisas tem como foco o monitoramento da semeadura realizada no ano passado, enquanto a outra busca avaliar a viabilidade econômica de várias frutas nativas, incluindo a juçara. Além disso, na UFFS são desenvolvidas diversas pesquisas, incluindo o estudo sobre a germinação das sementes”.
Cassarino comenta que “a mestranda Giovana Carriel está realizando o monitoramento dos resultados da semeadura realizada em 2023. A área de 67 ha foi dividida em 30 parcelas de 100m², já medimos seis delas e identificamos uma média de dez a onze mil mudas por hectare, o que é uma densidade bastante alta, demonstrando a eficácia do método aplicado para o plantio. Até o momento, realizamos o levantamento nas áreas mais próximas, em florestas mais abertas. Estamos começando a entrar nas áreas mais fechadas para entender o comportamento da juçara nessas regiões. Por enquanto, temos resultados bastante interessantes; as mudas estão com cerca de 14 centímetros, dentro do esperado para o crescimento.”
“No médio prazo, se todas essas mudas realmente sobreviverem, talvez tenhamos que avaliar a retirada de algumas plantas para permitir o desenvolvimento de outras espécies. Estamos com o olhar atento para isso, mas é muito importante que a juçara se desenvolva, pois o fruto é um grande atrativo para a fauna nativa da região. Nosso cuidado é para que ocorra a regeneração da floresta como um todo, não apenas da juçara”, complementa.