Com a colheita da safra 2023/2024 de soja praticamente concluída em Virmond, o IDR-Paraná e o SENAR-PR com apoio da Secretaria Municipal de Agricultura fizeram avaliação final do Curso de MIP Soja realizado com um grupo de 12 produtores rurais durante os meses de outubro de 2023 a fevereiro 2024.
O Manejo Integrado de Pragas da Soja (MIP-Soja) é uma tecnologia que utiliza um conjunto de técnicas econômica e ambientalmente sustentáveis para o Manejo Eficiente de pragas que atacam as lavouras de soja.
O MIP-Soja consiste de inspeções, no mínimo de uma vez por semana, para se verificar o número e o tamanho das pragas presentes na lavoura, bem como o nível de injúria já ocasionada (desfolhamento, plantas atacadas etc.), em relação ao estádio de desenvolvimento das plantas. Assim, a necessidade de controle é decidida comparando-se a densidade populacional de pragas e suas injúrias detectadas na lavoura, com o nível de ação já estabelecido pela pesquisa.
As inspeções devem ser feitas com a utilização do pano-de-batida, que consiste de um pano ou plástico de 1 m de comprimento por 1,5 m de largura, preferencialmente de cor branca, preso a dois cabos de madeira colocados em suas laterais. As amostragens (inspeções) devem ser feitas em uma fileira de soja.
Desta forma, aqueles produtores que adotam tal ferramenta, a qual a Embrapa Soja sistematizou desde a década de 1970, colhem muitos benefícios como: reduzir o custo de produção através do controle racional de pragas e com isso maximizar lucros; diminuir impacto ambiental de inseticidas e preservar os inimigos naturais; auxiliar na redução das emissões de dióxido de carbono e com isso colaborar com a descarbonização da sojicultora; evitar perdas de produção e qualidade de grãos; reduzir a pressão de seleção de pragas resistentes a inseticidas e/ou a plantas com tecnologia Bt.
Os produtores rurais de Virmond que participaram do curso, a maioria deles agricultores familiares, demonstraram muita satisfação com os bons resultados obtidos pelo uso da ferramento de manejo das lavouras para o controle de pragas com o MIP Soja. De tal modo que apenas 30% desses produtores utilizaram inseticidas e desses que realizaram aplicação para as pragas, o uso foi em cerca de somente 20% das áreas com apenas 1 aplicação. E ainda assim a média de produtividade do grupo foi de cerca de 170 sacos por alqueire de soja (4215 kg/ha), um pouco superior a média geral histórica do município de Virmond de 160 sacos por alqueire (3967 kg/ha). O que demonstra a redução de custo de produção com economia de uso de inseticidas aliada a manutenção de boas produtividades desses produtores, isto é, aumento de rentabilidade com destaque em anos de redução do preço das commodities agrícolas, como a soja.
Um dos agricultores participantes que plantou 9 alqueires de soja fez questão de deixar seu relato: “(…) minha experiência do MIP: usei nenhuma gota de inseticida nas minhas [lavouras de] soja. Eu fiz as contas esses dias (…) vi as notas lá (…) do que eu tinha pegado no pedido de inseticida, era quase 4 mil [reais] e eu não usei nada (…) e então foi uma boa economia, de que eu não usei nada. As áreas [de plantio] mais tardias ali fechou em 180 sacas por alqueire, sem nada de inseticida. Essas áreas mais tardias de plantio [novembro] cheguei a produzir mais esse ano sem inseticida do que os outros anos eu usando inseticida (…) e essa safra não usei nada de inseticida e produziu a mesma coisa e até um pouco mais”, conclui.
O Engenheiro Agrônomo instrutor do SENAR, Pedro Campos parabenizou o grupo pela assiduidade e compromisso com o curso durante a safra e ressaltou a missão da instituição em continuar a promover cursos de capacitação aos agricultores. Já o Engenheiro Agrônomo da Unidade Municipal de Extensão Rural do IDR-Paraná de Virmond, William De Brino, que fez a mobilização dos produtores em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura, chamou a atenção que o curso teve em sua maioria jovens agricultores em processo de sucessão familiar e com desejo de continuar a adotar ferramentas como o MIP no sentido e diminuir custo de produção, aumentar produtividade de forma ambientalmente correta com menor impacto possível, como a redução de aplicações de agrotóxicos. Isto tudo vem aliado com o Programa Grãos Sustentáveis coordenado pelo IDR-Paraná com ações de extensão rural que visam a sustentabilidade do sistema produtivo de grãos, através da geração de renda, adoção das boas práticas agrícolas e a oferta de alimentos seguros, de forma que preservam os recursos naturais e a qualidade produtiva dos solos.
A expectativa, segundo William é que tenha uma nova turma deste curso para próxima safra de soja 2024/2025, o qual oportunamente será divulgado.
Fontes do texto: IDR-Paraná, Embrapa Soja e SENAR-PR