Depois de uma temporada de superaquecimento, as águas do oceano Pacifico dão sinais de que vão ficar mais geladas que o normal. Quase sem interrupção, o fenômeno El Niño será substituído por seu oposto, La Niña, após uma temporada de temperaturas recordes e eventos extremos em todo o Brasil.
A sucessão dos fenômenos não é comum e precisa ser acompanhada conforme se desenvolve, afirma Marcelo Seluchi, coordenador geral do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden).
A previsão inicial é que a influência do La Niña, a partir de junho, causará chuvas acima da média em parte da região Norte, Minas Gerais e Bahia. Na região Sul, que registrou enchentes recordes em algumas localidades influenciado pelo El Niño, as chuvas agora devem ficar abaixo da média.
"É quase como um alívio para o Sul, que sofreu com sistemas ciclônicos de baixa pressão atuando na costa. Mas se o La Niña persiste muito tempo, pode ficar muito seco e a região voltar a ter problemas com impactos negativos na parte agrícola e na reserva de água”, analisa Tércio Ambrizzi, pesquisador do no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da Universidade de São Paulo, USP.
Antes
de o último El Niño se consolidar, em maio de 2023, o fenômeno oposto
estava ativo e persistiu por três anos (2020-2023) – duração considerada
rara. O período foi marcado por estiagem que levou a quebra de lavouras
e causou a maior crise hídrica dos últimos 78 anos na bacia do
Paraná-Prata, que abastece reservatórios vitais para a geração de
energia hidrelétrica.