O delator da Lava Jato e de outras investigações sobre esquemas de corrupção afirma que foi usado por procuradores e pelo ex-juiz Sergio Moro como um “agente infiltrado” para criar provas ilegais contra os alvos da força-tarefa em Curitiba. Segundo ele, havia um direcionamento das autoridades para “perseguir o PT”. O ministro Dias Toffoli, do STF, decidiu nesta terça-feira (6) suspender todos os processos envolvendo o empresário na 13.ª Vara Federal de Curitiba.
Dessa forma, a Justiça Federal no Paraná deixa de ser a instância competente para julgar as ações. O entendimento é de que Tony Garcia faz menções a pessoas com foro privilegiado, entre elas o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Por isso, a partir de agora, eventuais decisões sobre o caso ficam sob a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal. Citado em entrevistas recentes do empresário, o ex-juiz Sergio Moro disse em nota que os relatos são “mentirosos” e “sem amparo em provas”. A juíza até então responsável pelos processos, Gabriela Hardt, já havia se declarado impedida de julgar as ações porque está processando o acusado.
As ligações entre Moro e Tony Garcia são bem mais antigas do que a Operação Lava Jato. Uma década antes, em 2004, o ex-deputado estadual assinou um acordo de colaboração premiada no caso Banestado. O juiz que homologou a delação foi justamente Sergio Moro. Anos mais tarde, o MPF pediu a suspensão do acordo depois de supostas omissões do colaborador.
Mais recentemente, já durante a Lava Jato, Tony Garcia denunciou supostos crimes de Moro em 2021, em depoimento à Justiça Federal. No entanto, a defesa dele alega que as informações foram ignoradas pela juíza substituta Gabriela Hardt. A denúncia só foi levada adiante no início deste ano, após o juiz Eduardo Appio assumir a 13.ª Vara Federal de Curitiba.
