sexta-feira, março 04, 2022

Delegados, investigadores e empresários são condenados na Operação Vortex nove anos depois

Quatro delegados da Polícia Civil do Paraná (PCPR) - três deles na ativa - foram condenados por supostos crimes investigados durante a Operação Vortex, desencadeada em 2013, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MPPR). Ela apurava a cobrança de propina em ferros velhos de Curitiba e região metropolitana.

A decisão, com sentença da 3ª Vara Criminal do Fórum Central da Comarca de Curitiba, é do último dia 24 de fevereiro. Além dos delegados, foram condenados 14 investigadores da Polícia Civil e dois empresários.

Os quatro delegados tinham ligação com a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) de Curitiba. As penas individuais são de 50 anos e cinco meses; 44 anos e 11 meses; 42 anos e dez meses; e 11 anos e três meses.

O advogado Edson Abdala, que representa um dos delegados, disse estar surpreso com a sentença e que teria sido comunicado por meio da imprensa.

"Inicialmente, causa-nos um certo espanto, porque nós sequer fomos intimados oficialmente desta decisão e já se espalha a quatro cantos, o que demonstra um açodamento em um caso que, efetivamente, merece todo o nosso empenho para reverter essa decisão no Tribunal. Ao que pudemos observar neste processo e nas provas colhidas em juízo, nenhuma das acusações foras referendadas pelas provas colhidas dos autos", afirmou Abdala, em entrevista na manhã desta quinta-feira (2).

Dinheiro de ferro-velho

As investigações da Operação Vortex apontaram que na DFRV, vinculada à Divisão de Crimes contra o Patrimônio, atuava uma quadrilha que visava angariar dinheiro de comerciantes do setor de ferro-velho mediante corrupção.

De acordo com informações do Gaeco, em publicação do Portal da Banda B na época, "policiais da área atuavam endurecendo a fiscalização para criar condições de exigir dinheiro, ou mesmo para que comerciantes tomassem a iniciativa de oferecer dinheiro". Como apurado pelo Gaeco na época, o esquema de corrupção DFRV gerava uma arrecadação mensal aos quatro delegados acusados no valor de R$ 30 mil, chegando a até R$ 50 mil em algumas ocasiões.

Pela manhã, Abdala afirmou que o dinheiro encontrado durante a Operação Vortex e tratado como fruto de propina seria lícito. "Situações derivadas de pagamentos de impostos, que a sentença ignorou como se as mesmas sequer tivessem sido quitadas, quando há documentos hábeis confirmando o pagamento. Portanto, temos a sensação de que o Tribunal reverterá essa grande injustiça", disse.

Penas

O advogado criticou ainda o somatório das penas e acredita que isso poderá ser revertido. "Foram atribuídos inúmeros fatos e para cada fato uma pena. Pena de dois anos, de três anos, algumas inclusive já prescritas. Mas, optou-se, por uma circunstância material, quando isto ocorre somam-se todas as penas como se fosse possível ficar apenas uma. Por isso que chegou a esse patamar. Mas isso, com certeza, não será mantido no Tribunal.

A Polícia Civil também não teria sido comunicada oficialmente sobre a decisão.

Banda B