Pães de mel foram envenenados com carbufurano, produto proibido no Brasil desde 2017
A Polícia Civil deu detalhes da Operação Doce Veneno, realizada em Cascavel, na manhã de quarta-feira (19).
O delegado da Polícia Civil, Diego Valim, falou sobre como iniciaram as diligências e como chegaram até o preso de 43 anos.
Sobre a motivação do crime, o delegado explica que foi por causa de uma
traição descoberta entre janeiro e fevereiro de 2020. Em depoimento ele
comentou que guardou mágoa e ficou "remoendo" a traição, embora tivesse
mantido o relacionamento com a esposa. Tanto que somente após um ano,
ele colocou em prática o plano de envenenando os pães de mel e realizou a
entrega.
O alvo do crime seria o homem "pivô" da traição. De acordo com a Polícia
Civil, o investigado tinha feito ameaças ao homem envolvido no
relacionamento extraconjugal, mas apenas de destruição patrimonial.
Entre elas, de que jogaria ácido nos veículos. Ao sofrer as ameaças, a
vítima registrou boletim de ocorrência.
Conforme informado, os policiais conseguiram por meio de imagens de
câmeras de segurança identificar o veículo utilizado para a entrega dos
pães de mel.
Informações de telefones, que supostamente foram usados nas ameaças, e
cartas usadas para prejudicar a vítima também foram levantadas pela
equipe policial.
Com esses fatos, foi iniciado o rastreamento do suspeito, por meio de
localização, nesses períodos. Os radares da cidade mostraram onde o
veículo do suspeito teria passado e isso colaborou para as investigações
iniciai; Juntando todos os elementos a delegacia confirmou a autoria da
entrega ponto.
Na sequência, a Polícia Civil representou no Poder Judiciário o pedido
do mandado de busca e apreensão na casa do investigado e na empresa em
que ele trabalha para recolhimento de computadores, telefones celulares e
HDs externos.
Ainda conforme o delegado, o suspeito usou artimanhas para tentar
despistar a polícia, utilizando duas pessoas de boa-fé que tiveram
alguma relação com a entrega do pacote. Essas pessoas foram investigadas
pela Delegacia de Homicídios e não foi estabelecido nenhum vínculo
dessas pessoas com o crime.
STATUS SOCIAL
De acordo com o delegado, o investigado tem uma boa situação financeira boa e mora em condomínio fechado, de alto padrão.
Valim esclarece sobre o guarda-chuva apreendido. Ele foi utilizado no
dia da entrega de uma carta que fez parte de toda artimanha. Era um dia
chuvoso e o suspeito teve cuidado de não deixar o veículo próximo ao
local da entrega pois tinha uma câmera de segurança.
Já sobre o veículo apreendido, foi levantado pelas equipes que foi
utilizado para entrega do pacote para o vendedor ambulante, que levou os
pães de mel às vítimas. O uso do carro foi registrado pelos radares das
câmeras da cidade.
De acordo com o delegado, o suspeito deve responder por dupla tentativa
de homicídio qualificado, pois ele tinha conhecimento que na residência
morava a vítima e a sua esposa. Ele assumiu o risco de que a esposa da
vítima ingerisse o outro pão de mel envenenado, assumindo o risco de que
ela poderia também ter ingerido
USO DE SERINGA
Valim ainda explicou que o investigado, que é gerente de uma empresa de
caminhões em Cascavel, confessou a prática do crime. Ele disse que tinha
veneno em casa, sabia que era para matar ratos.
O suspeito usou uma seringa para injetar o veneno o pão de mel. Ainda
conforme relatado o homem sabia da toxicidade do veneno, mas não mediu a
quantidade que colocaria no pão de mel. Ele tinha um pouco do veneno em
casa e dividiu o que tinha entre os dois pães e se desfez do vidro.
PRISÃO
O suspeito ficará detido na carceragem da 15ᵃ Subdivisão Policial. O mandado é para prisão preventiva, por tempo indeterminado.