quinta-feira, abril 22, 2021

Pesquisa da Unioeste quer criar nova forma de diagnosticar o câncer de mama

Há sete anos, mulheres diagnosticadas com câncer de mama são convidadas a colaborar com uma pesquisa que estuda a incidência da doença na região. Quase todas topam contribuir com uma amostra para ser analisada e se transformar em dados que vão ajudar a encontrar correlações da doença com outros fatores, traçar um perfil epidemiológico do câncer de mama e avançar as formas de diagnóstico.

A pesquisa faz parte de um projeto que mapeia o câncer de mama e estuda sua relação com a exposição aos agrotóxicos, desenvolvida por médicos, professores e acadêmicos da Unioeste de Francisco Beltrão e do Ceonc (Centro de Oncologia), desde 2014. “Ao longo do projeto, identificamos a ocorrência de tumores de mama de elevada agressividade em algumas destas mulheres, potencialmente associada a alguns fatores de risco regionais, como a exposição ocupacional a pesticidas e à ocorrência de obesidade”, explica a dra. Carolina Panis, coordenadora da pesquisa e professora da universidade.

A intenção do grupo é coletar e estudar as amostras pelos próximos 25 anos. O estudo vai contribuir para o entendimento dos diferentes perfis do câncer de mama que as pacientes podem manifestar clinicamente e tem recebido financiamento via editais de pesquisa. Já foram concedidos ao grupo fomentos da PPSUS (Pesquisa para o SUS), Pesquisa Básica/Fundação Araucária, Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e da Pesquisa Fiocruz/Fundação Araucária. “Este último, pretende desenvolver uma ferramenta de diagnóstico de câncer de mama baseada em alterações moleculares observadas nos tumores de mama”, detalha.

Atualmente, as alterações nas mamas são identificadas por meio de mamografia ou ultrassom e o diagnóstico final se dá por meio de biópsia. Dr. Daniel Rech, coordenador do Ceonc, explica que a intenção é poder desenvolver métodos e ferramentas mais baratas, simples, mas com a mesma eficiência. “É o que chamamos de assinatura, uma característica, fator ou marcador que pode indicar a doença”, comenta.

Para isso, já foram coletadas mais de mil amostras de tecido mamário, saliva e de sangue das pacientes — tanto de diagnósticos para o câncer do tipo maligno quanto o benigno. A coleta é feita pelo Ceonc e as amostras enviadas para análise no laboratório de Biologia de Tumores da Unioeste. As que envolvem análise de DNA vão para o Inca (Instituto Nacional do Câncer).

O projeto agora está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que recebeu a dra. Carolina Panis como pesquisadora visitante entre 2019 e 2020 para avaliar, especificamente, a relação câncer de mama e agrotóxicos.