Agricultores e produtores de leite do Rio Grande do Sul enfrentam uma grave seca, e mais de 200 municípios decretaram situação de emergência.
Falta água para as plantas, para os animais e até para as pessoas que moram nas cidades. Em março, a chuva no estado ficou em 28 milímetros – um quarto da média histórica.
Para amenizar a crise atual, o setor agropecuário do Rio Grande do Sul pediu ajuda ao governo federal. O ministério da agricultura afirma que está avaliando as reivindicações dos produtores.
Dados da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) do estado mostram que o Rio Grande do Sul tem 270 mil produtores, e, na safra passada, foram colhidos 19,4 milhões de toneladas do grão. Para este ano, a expectativa é de pouco mais de 9 milhões de toneladas, uma quebra de quase 60% da produção.
A dívida dos produtores rurais com custeio da lavoura, maquinário e arrendamento de terras já passa dos R$ 15 bilhões.
Em Garibaldi, capital nacional do espumante, a produção de uvas também foi afetada pela seca. Das 460 toneladas que costumava colher só conseguiu 250.
“Lá em outubro e novembro, choveu bastante, 21 dias consecutivos de chuva e acabou atrapalhando a floração do cacho. Então foi diminuindo, diminuindo e agora vem com uma falta de chuva drástica e aí prejudicou a produção, não a qualidade, a qualidade melhorou”, explica o produtor Cristiano Brigolini.
Na Serra Gaúcha, em Farroupilha, o pecuarista Itamar Tang também teve prejuízo na produção de leite. Em 14 hectares, ele mantém 35 vacas em lactação e, antes da seca, tirava uma média de 1400 litros por dia. Agora, mal chega aos 900 litros.
Tang resolveu irrigar a lavoura de uma forma improvisada. Despeja nela, a água que foi usada para lavar o barracão das vacas. Mas esse esforço não vai ser suficiente. “A única opção é vender alguns animais e comprar alimento”, diz.
Ele e mais 3.060 produtores da região fazem parte uma cooperativa, por enquanto a diminuição na produção de leite foi de 10%, mas a expectativa é que a queda seja pior nos próximos meses por causa da falta de alimento para os rebanhos.
Soledade, cidade com cerca de 30 mil habitantes, também enfrenta dificuldades por causa da falta de chuvas. O rio Espraiado, responsável pelo abastecimento urbano, está com o nível muito baixo.