quinta-feira, janeiro 09, 2020

PM passa 12 anos na corporação, se aposenta por invalidez e hoje vive drama para manter tratamento

   A Rosana Gomes de Camargo, hoje com 41 anos, tinha um sonho. “O concurso público é muito difícil de passar, concorrer com mais de 20 mil pessoas. Fui privilegiada, era um sonho de poder ajudar as outras pessoas”. Há 12 anos, vestiu a farda da PM pela primeira vez. O que a soldado não esperava é que teria a saúde afetada.

“Começo de 2014 comecei a emagrecer e o chorar muito fácil. Ia em vários psiquiatras, mas eles não sabiam o que era, achavam que era depressão. Mas não era, porque eu tenho transtorno bipolar misto, que foi descoberto há dois anos. A doença se agravou mais”, relatou.

Diagnosticada com transtorno bipolar, a policial foi reformada pela corporação por invalidez. O valor da aposentadoria, no entanto, causou surpresa e decepção. Rosana toma 13 comprimidos por dia e o custo do tratamento é alto.

“Vou fazer 12 anos de polícia e recebo menos da metade do meu salário. Disseram que tenho condição de trabalhar em outras coisas, mas não consigo. Cada dia que passa está mais difícil, não tenho como pagar medicação e tratamento”, disse a soldado.

Rosana entrou na justiça e pede a aposentadoria integral. Atualmente, mora em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, tem dois filhos e é divorciada. Recentemente, tentou tirar a própria vida. “Fiquei 10 dias internada no Hospital Cajuru e a polícia não ficou sabendo”, contou.

Nesta terça-feira (7), a soldado da reserva da PM divulgou mensagens na rede social que causaram preocupação. Policiais foram até a casa e conversaram com ela, que ficou mais tranquila. “Quase tirei minha vida novamente. Desta vez, os policias ficaram sabendo e foram ver o que estava acontecendo, prestaram ajuda”, explicou.

Pedidos de ajuda

Rosana não é a única PM com este problema. Segundo a Associação de Praças do Estado do Paraná, problemas psicológicos e psiquiátricos são responsáveis por 23% dos afastamentos médicos de policiais militares em atividade. Orélio Fontana Neto, da Apra-PR, destaca que recebe inúmeros pedidos de ajuda todos os dias.

Enquanto isso, a soldado Rosana questiona o tratamento recebido na corporação. “Estou pedindo ajuda. Não tenho condições de trabalhar em outro lugar. Quero só que me ajude, como todo ser humano deve ser tratado. Muitas vezes não tenho dinheiro para comprar um remédio”, lamentou.