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Antônio Dominiak, prefeito de Campo Bonito: “Prefiro lutar pela incorporação de Guaporé a voltar a ser distrito de Guaraniaçu” |
Olhando friamente, parece mesmo inviável manter um município com menos de 5 mil habitantes, com orçamento enxuto e demandas nas áreas de infraestrutura, saúde e educação cada vez maiores. Porém, basta conhecer bem de perto a realidade para derrubar por terra o recente estudo do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) que prevê a extinção destes pequenos municípios.
Na contramão dos números, estão as pessoas e uma memória muito viva do abandono na época em que eram distritos. É o caso de Campo Bonito, desmembrado em 1986 de Guaraniaçu. Com população estimada em 4.162 mil habitantes e IDHM de 0,681, ocupando a 295ª colocação do ranking dos 399 municípios do Estado, Campo Bonito, de fato, não tem índices de primeiro mundo. Mantém-se na média de outros 234 municípios paranaenses.
Agora, antes de decretar sua inviabilidade, convém rever a história.Mais que isso, ouvir a população que vivenciou as duas situações (de distrito e município). “Os dados apresentados pelo TCE são superficiais”, diz o prefeito de Campo Bonito, Antônio Carlos Dominiak. “Se a questão fosse somente população, o Rio de Janeiro não estaria na situação em que está. É um argumento vulnerável”, complementa.
Contrário à ideia da fusão, Dominiak aponta outro caminho para a viabilidade econômico-financeira, político-administrativa e socioambiental destes municípios: a criação de consórcios intermunicipais com foco na agroindustrialização. Ele mesmo, em seu primeiro mandato, chegou a dar o pontapé inicial no Consórcio Piquiriguaçu, unindo Guaraniaçu, Ibema, Diamante do Sul, Catanduvas e Campo Bonito, através do consórcio conseguiu convênio com o Estado disponibilizando uma Patrulha Mecanizada com 12 equipamentos pesados, que trabalhou na melhorias das estradas do consórcio. A ideia era também, através do consórcio, adquirir um terreno e atrair indústrias, preferencialmente do agronegócio. Com a mudança dos gestores, o projeto e o próprio consórcio não foram adiante.
Além da industrialização, outra questão crucial, segundo o prefeito, é a modernização da gestão pública, com a agilização dos processos, cortes de gastos e melhoria da comunicação interna. “Nós temos que trabalhar respeitando as leis e com conhecimento de tudo o que acontece na administração e no município. Quando você tem conhecimento, você consegue dar respostas à população”, frisa. Eis aí outro argumento favorável aos “pequenos”: a proximidade. É comum encontrar moradores fazendo suas reivindicações diretamente no gabinete do prefeito. “Isso cria um senso de comunidade muito grande que a frieza dos números não é capaz de traduzir”, explica o Assessor de Planejamento, Juciel Hemerich.
Com revista Aldeia