A nomeação do professor Marcelo Recktenvald como novo reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) provocou uma série de reações dentro dos campi da instituição, tradicionalmente administrada por reitores e diretores de esquerda.
O novo reitor, que toma posse hoje (4) em Brasília, tem posicionamento político conservador e ficou em terceiro lugar na eleição, que nada mais é do que uma consulta prévia que indica os três primeiros colocados para que o MEC (Ministério da Educação) escolha o reitor com base na lista tríplice.
A nomeação do professor Marcelo Recktenvald como novo reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) provocou uma série de reações dentro dos campi da instituição, tradicionalmente administrada por reitores e diretores de esquerda.
O novo reitor, que toma posse hoje (4) em Brasília, tem posicionamento político conservador e ficou em terceiro lugar na eleição, que nada mais é do que uma consulta prévia que indica os três primeiros colocados para que o MEC (Ministério da Educação) escolha o reitor com base na lista tríplice.
Em sua página no Facebook, Recktenvald se apresenta como cristão conservador, defensor da família, pastor batista e professor na UFFS.
O presidente Jair Bolsonaro optou pelo professor Marcelo, de Chapecó (SC), onde fica a reitoria da UFFS que no Paraná tem campi em Laranjeiras do Sul e Realeza.
No campus de Laranjeiras do Sul, os estudantes João Igor Zampoli, Marcos Basso e Evandro Luís Boni, todos do 6º ano do curso de Agronomia, assumiram a campanha do professor Marcelo Recktenvald e foram fiscais de chapa.
Após a nomeação do professor conservador à reitoria, houve protestos em redes sociais e em páginas da universidade com frases “Fora, Marcelo!” Para alunos e professores que discordaram da nomeação, ao escolher o terceiro colocado na consulta prévia houve um “golpe na democracia”.
O estudante João Igor Zampoli disse que acadêmicos que rebateram comentários de contra a nomeação estão sendo excluídos de páginas ligadas à universidade, inclusive ele. A UFFS diz que em suas páginas oficiais não houve comentários nem favoráveis, nem contra ao novo reitor. Segundo a instituição, pode ser que tenha ocorrido em páginas de centros acadêmicos, que não são administradas pela universidade.
Para o estudante Evandro Luís Boni a mudança é positiva. Ele acredita que com a eleição de Recktenvald algumas regalias, que segundo ele existem para estudantes de esquerda, irão diminuir. Ele reclama que algumas vezes esses alunos fizeram protestos e greves apenas para não ter aula. “No dia que o Lula veio ao campus, coisa que não poderia ser feito, pois a faculdade é apartidária, em tese, todos os alunos de direita foram barrados de entrar”, relata.
Com o novo reitor, os alunos que tem posicionamento político de direita dizem que não querem regalias, apenas estudar, sem greves motivadas por causas fúteis. “Que as coisas comecem a andar como elas foram planejadas e que o estatuto da universidade seja seguido”, diz Boni.
Para o acadêmico Marcos Basso a mudança é essencial. “Faz cinco anos que estou na universidade, a gente sempre acuado, quem dita as regras são os movimentos sociais e a esquerda. Usando uma palavra deles, a gente é oprimido”, observa. Ele acredita que agora haverá uma mudança que beneficiará a todos.
Manifestação de apoio
O campus de Laranjeiras do Sul, que muitas vezes foi palco de manifestações de movimentos sociais de esquerda terá, nos próximos dias, uma manifestação diferente. As cores vermelhas darão lugar à verde e amarela nos corredores da instituição. Estudantes prometem um ato de apoio ao novo reitor com bandeiras do Brasil e frases como “Ordem de Progresso”.
Diretores protestam
Em três dos seis campi da universidade, a direção emitiu nota oficial mostrando preocupação com a escolha do presidente Bolsonaro. "Embora a reconheça como legítima, a Direção do Campus Realeza vê com surpresa a nomeação do professor Marcelo Recktenvald para o cargo de Reitor da UFFS, especialmente considerando as práticas consuetudinárias acumuladas pelas universidades brasileiras após 1988 e amplamente respeitadas por governos anteriores'", diz nota assinada pelo diretor do campus de Realeza, Marcos Antônio Beal.
" Tal entendimento sustenta-se no fato de que essa nomeação não representa o projeto democraticamente legitimado pela Comunidade Universitária da Instituição", declara o diretor do campus de Erechim, Luís Fernando Santos Corrêa da Silva.
"Entendemos que, embora previsto em lei, o procedimento de composição de uma lista com três nomes com posterior livre nomeação por parte do Presidente da República não tem sido um mecanismo efetivo para a garantia da Autonomia Universitária expressa na Constituição Federal", afirma nota assinada pelo diretor do campus Cerro Largo (RS), Bruno München Wenzel.