domingo, setembro 22, 2019

Reserva Indígena de Mangueirinha busca soluções para combate a queimadas

Tendo em vista que, em menos de dois meses, houve dezenas de focos de queimadas na Terra Indígena de Mangueirinha, representantes dos municípios de Mangueirinha, Coronel Vivida e Chopinzinho — por meio das prefeituras, lideranças indígenas, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Fundação Nacional do Índio (Funai) — se reuniram nos últimos dias para buscar soluções para esse problema.

O encontro ocorreu no Centro de Eventos de Mangueirinha, em uma iniciativa do vice-prefeito, Leandro Dorini, após lideranças indígenas apresentarem essa demanda. “Acreditamos que mais de 30 focos de queimadas ocorreram de 25 de julho até essa semana. Nas duas últimas semanas se acentuou ainda mais, com alguns incêndios bem grandes”, diz o diretor-presidente da Associação Socioambiental Indígena Kaingang/Guarani (Asaikg), Márcio Kokój.

A liderança indígena diz que, por isso, buscou-se soluções para esse problema que vem acometendo à Terra Indígena. “Estamos discutindo com as prefeituras dos três municípios, corpo de bombeiros, Funai, secretarias de meio ambiente para criarmos uma brigada de incêndio indígena. Tivemos a primeira reunião no dia 9 de setembro, sendo que nos próximos dias devemos realizar novo encontro”.

De acordo com o subtenente Edson Jair Mohr, comandante da 2ª Seção de Bombeiros de Coronel Vivida, na primeira reunião ficou definido que na próxima cada representante teria algo para apresentar.

“Ao Corpo de Bombeiros cabe desenvolver um curso para preparação inicial de 30 brigadistas da reserva indígena. O tempo de curso, a documentação relativa ao curso, como que faríamos para adaptá-lo aos indígenas, produzir uma relação de equipamentos, utilizando a expertise do Corpo de Bombeiros em relação a equipamentos de combate florestal, porque têm alguns equipamentos que são mais eficientes; outros são menos”, enumera.

Outro ponto, conforme o subtenente Mohr, busca a adaptação do conhecimento dos bombeiros à realidade da reserva indígena, “estimulando a preparação de um plano de contingenciamento, por meio da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec), preparar os indígenas para encontrarem meios de evitar a propagação dos incêndios às margens de rodovias, de estradas, que passam pela reserva. De repente na rodovia fazer um manejo preventivo, para que a bituca de cigarro, jogada por quem está passando lá, evite iniciar um incêndio. Deixar preparadas essas margens de rodovias, enfim, achar uma forma com que os indígenas façam a preparação desse espaço”.

Além disso, durante a primeira reunião, ficou estabelecido que, “de forma continuada, estimularemos a consciência de preservação, por meio de palestras nas escolas indígenas, a fim de que as crianças criem essa consciência ambiental, de proteção”, complementa Mohr.

Kokój lembra que as queimadas prejudicam a reserva indígena em todos os sentidos. “Além de ocasionar doenças respiratórias, prejudica todos que dependem da água, do ar e da floresta. Principalmente a prática do extrativismo. Também não temos dúvidas que vai baixar a arrecadação do ICMS Ecológico”.

Ele acrescenta a importância dessas reuniões. “Temos dificuldades de fazer esse combate de incêndio, porque não temos equipamentos e treinamento. Por isso, a realização dessa reunião, para discutirmos uma linha nesse sentido”.

Diario do Sudoeste