O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual cumpriu nesta quarta-feira (7) 32 mandados de busca e apreensão em Curitiba, Campo Largo, Cascavel e Castro, na sexta fase da Operação Quadro Negro, que investiga desvios de dinheiro público em obras de construção e ampliação de escolas. A nova etapa envolve 22 empresas que mantinham contratos com o Estado e teriam participado do esquema de pagamento de propina a políticos e agentes públicos entre os anos 2012 e 2015, durante a administração do ex-governador Beto Richa (PSDB).
As buscas foram realizadas nas residências de 29 empresários e de dois ex-servidores públicos, a partir de mandados expedidos pela 9ª Vara Criminal de Curitiba a pedido do MP. Segundo a promotoria, foram apreendidos celulares, computadores, documentos e US$ 6 mil em dinheiro. Houve ainda quatro prisões em flagrante, na Capital, duas por posse ilegal de arma de fogo, uma por posse de munição e outra por desacato.
Comando
Segundo o coordenador do Gaeco, procurador Leonir Batisti, o esquema é o mesmo já investigado nas fases anteriores da operação, que mirou a construtora Valor. “A apuração é de que houve pagamento de propina para proporcionar desvio de dinheiro público na construção e ampliação das escolas”, disse Batisti. “Tínhamos (apurado) já desde a primeira fase, a partir do governo do Estado, servidores públicos, o ex-governador, que por meio dessa situação receberiam propina, que era distribuída para desvio de dinheiro consistente na não realização de obras, mas no pagamento. O próprio Tribunal de Contas determinou que em algumas escolas haviam sido feitas apenas 5%, 10% das obras e recebido 70%”, explicou o procurador.
De acordo com o MP, o esquema seria comandado pelo ex-governador Beto Richa (PSDB), e teria desviado pelo menos R$ 20 milhões. Segundo os promotores, operadores do esquema relacionados ao tucano recebiam dinheiro para favorecer empresas nas licitações e na concessão de aditivos contratuais às mesmas, Em contrapartida, as empresas recebiam pagamentos por obras não realizadas, ou feitas apenas parcialmente.