
É notório que muitas cidades do Brasil e do mundo surgiram a partir da construção de uma igreja. Guarapuava é um exemplo desta situação, onde a história da cidade e da Catedral Nossa Senhora de Belém se entrelaçam.
Na diocese, muitas paróquias surgiram (e deverão surgir) pela necessidade de atendimento de seu povo em ter um ponto referencial sólido, com bases calcadas na espiritualidade, na devoção, no amor a Deus, enfim.
Nesta ocasião, contaremos a história da paróquia Nossa Senhora do Monte Claro, em Virmond, comunidade esta que pertence à diocese de Guarapuava e que, a cada dia, cresce em participação e fidelidade por parte dos moradores daquela região.
Geograficamente, a cidade de Virmond está localizada no Centro-Oeste do Estado e faz parte da microrregião de Guarapuava, cidade da qual, dista aproximadamente noventa e dois quilômetros.
Em se tratando de paróquia, esta é a única no Paraná que tem Nossa Senhora do Monte Claro como padroeira. As comemorações são realizadas no dia 26 de agosto de cada ano. Há sempre celebração solene na Igreja Matriz, com a presença maciça das doze comunidades do interior do município que têm suas raízes calcadas nas atividades agrícolas.
HISTÓRIA
A história de Virmond começa no ano de 1921, quando o primeiro cônsul da República da Polônia em Curitiba, Kazimierz Głuchowski e outros sócios, deram início à formação de uma sociedade colonizadora no Paraná. A missão de diretor e administrador foi confiada ao engenheiro agrimensor Władysław Radecki, considerado o pai da colonização polonesa em Virmond, que fez acordo com o coronel Frederico Ernesto Queiroz, casado com Carolina Virmond, os quais venderam uma fazenda que seria destinada à construção do povoado. O nome da propriedade era Amola Faca.
Os moradores de Virmond tiveram assistência espiritual desde o início da colonização. Inicialmente, conforme relatos históricos, as celebrações eram realizadas esporadicamente devido às condições de acesso e de povoamento da época. As missas eram rezadas nas casas das famílias, uma vez que não havia igreja na região.
A PRIMEIRA IGREJA
De acordo com o Jornal Lud, edição número setenta e um, página três, no dia 14 de setembro de 1923, foi eleito um comitê para trabalhar e arrecadar fundos para construção da primeira igreja. Uma comissão foi organizada por diversos moradores e os trabalhos tiveram início. Donativos eram pedidos e festas foram organizadas, com leilões de objetos e animais para que a obra pudesse ser iniciada.
Em 1927, formou-se uma comissão para a construção da primeira igreja. Muitas reuniões foram organizadas para discutir o projeto que para a época, se mostrava grandioso e ousado.
Um arquiteto elaborou os primeiros esboços da capela que deveria ter uma área de mais de duzentos e cinquenta metros quadrados.
Em maio do mesmo ano, um construtor, mestre em carpintaria, que morava em Prudentópolis, foi levado a Virmond para, juntamente com os moradores (todos agricultores) começar a construção do novo templo.
O padre Jan Gwalbert Pogrzeba, que trabalhava na região, foi quem escolheu o lugar onde seria erguida obra. A igreja, como todas as outras construções da colônia, era de madeira. A matéria-prima, no entanto, era retirada da própria região. As toras eram arrastadas por cavalos de tração ou transportadas em carroças de outras localidades, como Laranjeiras do Sul e adjacências e reunia dezenas de voluntários em torno do serviço. Outros materiais que seriam usados na obra eram comprados em Guarapuava e Ponta Grossa.
Relatos históricos afirmam que todas as famílias se empenharam para que a igreja fosse erguida.
De acordo com o Jornal Lud, edição número setenta e três, páginas dois e três, do dia 12 de outubro de 1927, a solenidade da bênção da igreja realizou-se no dia 27 de agosto daquele ano, um sábado, reunindo toda a comunidade. O ato foi realizado pelo pároco de Guarapuava, com a assistência do padre Ludovico Bronny, da cidade de Prudentópolis. O pároco pronunciou um sermão em língua portuguesa, o padre Bronny fez o mesmo, em língua polonesa. A matéria jornalística também destaca que na ocasião, a obra da igreja não estava concluída e o pedido dos padres era para que os serviços não parassem.
O livro tombo paroquial de Virmond, registra que no dia 28 de agosto de 1928, houve a celebração com festa e benção da Igreja Nossa Senhora do Monte Claro, agora já com as obras concluídas.
VIRGEM DA POLÔNIA COMO PADROEIRA DE VIRMOND
O quadro de Nossa Senhora do Monte Claro não é somente venerado em Częstochowa, mas em toda a Polônia e em diversos lugares do mundo. Os poloneses que por tantos motivos foram obrigados a deixar a pátria e emigrarem, levaram consigo o quadro de Nossa Senhora. Os imigrantes construíram igrejas e capelas que dedicaram à Virgem do Monte Claro ou Częstochowa.
O centro espiritual da Polônia é a cidade de Częstochowa. Caminhando pela Avenida de Nossa Senhora (Aleje Najświetszej Maryi Panny) em Częstochowa, o peregrino se depara com uma colina chamada Jasna Góra (Monte Claro). Em cima dela, ergue-se um complexo de edificações: a igreja-basílica e o convento dos padres paulinos. O local, conforme os moradores abriga um verdadeiro tesouro que possui Jasna Góra (Monte Claro), e que influi decisivamente na vida e caráter da colina: o quadro da Mãe de Deus, Maria Santíssima, chamada Nossa Senhora do Monte Claro, ou Nossa Senhora de Częstochowa. O quadro é conhecido também como Virgem Negra. Ele mede 112x82 centímetros.
Os colonizadores poloneses de Virmond escolheram a Santíssima Virgem da Polônia como padroeira da igreja. No ano de 1993 Nossa Senhora do Monte Claro também foi escolhida como padroeira do município, através da Lei nº013/93, que estabelece os feriados municipais para a devida guarda e observância.
De 1927 a 1932, a comunidade recebia visita de padres de Guarapuava nos períodos da Páscoa, Festa de Nossa Senhora de Częstochowa, dia 26 de agosto e Natal.
No dia 11 de fevereiro de 1931, uma comissão chegou a Guarapuava com o propósito de solicitar para a colônia um padre permanente. Foi prometido o envio de um sacerdote polonês que passaria mais vezes pela comunidade. No entanto, o padre superior da congregação chamou a atenção da comissão para a necessidade de se construir uma casa para o religioso e de garantir o sustento do mesmo, porque até então, o padre Pogrzeba atendia a localidade sem nenhuma remuneração.
Virmond ganhou seu primeiro padre permanente no dia 10 de outubro de 1932, Paulo Dziwisz Schneider era seu nome. Ele saiu da vila pouco tempo depois.
Depois dele, o padre Pogrzeba, que passou a trabalhar em Laranjeiras do Sul de forma permanente, também fazia atendimentos em Virmond.
Dois anos mais tarde, no dia 15 de dezembro de 1934, a comunidade de Virmond passou a contar com os trabalhos paroquiais do padre Estanislau Cebula. Desde que chegou à vila, padre Cebula convocou a comunidade para que se unissem em torno das causas públicas. Na localidade, havia muitas carências, principalmente em educação. Com o apoio do pároco, o colégio São José foi construído. Em 1937, as irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo chegaram à cidade para trabalhar na instituição. Elas fundaram o regime de pensionado para meninas e meninos. Em pouco tempo, Virmond transformou-se em um renomado centro de educação e cultura da região.
As religiosas permaneceram na cidade por trinta e quatro anos. Padre Cebula também saiu da cidade em fevereiro de 1940.
Novos padres da congregação Verbitas passaram pela cidade e cada um, conforme relatos escritos e a oralidade deixaram registrados seus trabalhos e o amor pelo local.
No dia 15 de agosto de 1951, a comunidade foi entregue aos cuidados dos padres diocesanos. À época, Virmond, assim como a região de Guarapuava, pertenciam à diocese de Ponta Grossa.
CRIAÇÃO DA PARÓQUIA
A paróquia Nossa Senhora do Monte Claro, em Virmond, foi criada pelo bispo Dom Manoel Koenner no dia 15 de agosto de 1951.
O primeiro pároco foi o padre diocesano Gino Cecchin, um italiano.
Depois dele, trabalharam outros padres de origem alemã e italiana, e em março de 1954 a paróquia foi assumida pelo sacerdote polonês Casimiro Roznowski, que permaneceu à frente da comunidade até 1963.
CONSTRUÇÃO DA NOVA IGREJA
Com a aproximação do ano de 1966, quando se comemoraria o Ano do I Milênio Cristão do Povo Polonês, os paroquianos de Virmond tiveram a ideia de construir uma nova igreja em alvenaria, como forma de homenagear aos primeiros cristãos poloneses.
A ideia foi bem recebida pelos moradores, conforme textos de informativos locais.
Nesse ínterim, foi criada a diocese de Guarapuava, à qual Virmond passou a pertencer. No dia 12 de fevereiro de 1967, a paróquia recebeu a visita pastoral de Dom Frederico Helmel, primeiro bispo da diocese. Após a missa, Dom Frederico proferiu bênção à pedra fundamental, no local onde seria construída a nova igreja. As obras tiveram início no dia 02 de abril daquele ano. A nova Matriz foi erguida ao redor da igreja existente. A construção antiga foi desmontada depois da obra pronta.
No domingo, dia 31 de agosto de 1969, foi rezada a primeira missa na nova igreja, pelo padre Antonio Gallo. Naquela data, foi realizada a festa da Padroeira. Padre Gallo permaneceu como pároco em Virmond até 1976, quando morreu. Ele havia pedido para que fosse sepultado na Matriz. A comunidade atendeu seu pedido e seus restos mortais estão até os dias atuais numa cripta dentro da igreja. Na lápide sobre o túmulo do padre está escrito: “Descansa em paz na igreja que ele ajudou a construir”.
Em 1992 os padres xaverianos entregaram a paróquia de Virmond ao bispado. A comunidade ficou quase um ano sem pároco. Naquele período, os habitantes contaram com a assistência espiritual do padre Wiesław Morawski, que trabalhava em Marquinho.
OS PADRES DA SOCIEDADE DE CRISTO EM VIRMOND
Sem condições de atender a duas paróquias, padre Wiesław Morawski pediu ao administrador da diocese à época, padre Cassiano Waldner, para que um presbítero fosse enviado a Virmond. De acordo com informações da diocese de Guarapuava, padre Cassiano escreveu uma carta ao padre José Wojnar, provincial dos Padres da Sociedade de Cristo em Curitiba, pedindo ajuda.
No dia 01 de fevereiro de 1993, o padre João Sobieraj tornou-se o administrador da paróquia. E assim, após a comunidade ter sido servida durante trinta anos por padres italianos, esta voltou para uma congregação polonesa.
Padre João Sobieraj chamou a atenção dos moradores de Virmond, com relação à tradição polonesa que, segundo constatou, havia se perdido em se tratando de costumes. Com a chegada do religioso, tradições antigas como a benção dos alimentos (Święconka) no Sábado Santo, bem como a partilha da hóstia natalina (Opłatek) na época do Natal, voltaram a ser praticadas.
Conforme destaca a comunidade, graças aos empenhos do padre João Sobieraj e do cônsul geral da República da Polônia em Curitiba, Marek Makowski, foi possível ter Nossa Senhora do Monte Claro como padroeira daquela paróquia.
Em 23 de janeiro de 1999, padre João Sobieraj deixa a paróquia de Virmond. Neste mesmo dia toma posse o padre João Flig, que permaneceu em Virmond até o dia 03 de fevereiro de 2002.
No dia 24 de fevereiro de 2002, toma posse como pároco o padre Stanisław Małysa. Ele permaneceu na paróquia até junho de 2007. Neste mesmo mês e ano, o padre Piotr Poszwa assume os trabalhos junto à comunidade. Ele permanece em Virmond até hoje.
Com informações extraídas do texto organizado por Geraldo Zapahowski .