sexta-feira, março 02, 2018

Campanha virtual terá que ser segmentada

Até o ano passado, o número de seguidores dos políticos nas redes sociais era visto como uma vantagem decisiva em termos de popularidade na internet. Mas neste ano o jogo mudou. Uma das alterações está na nova postura do Facebook sobre a forma como os “feeds” (áreas que exibem conteúdos específicos para você) são exibidos, priorizando postagens de amigos e parentes, em vez de posts e notícias por empresas, marcas, mídia e celebridades. Atualmente, o Brasil tem s mais de 100 milhões de usuários no Facebook.

Publicidade paga ameaça políticos ‘campeões de audiência’ da internet

Os políticos que conquistaram maior número de seguidores terão que mudar suas estratégias se pretendem utilizar a ferramenta para angariar votos. Agora, a linguagem utilizada, que sempre foi diferencial para o sucesso nas redes, terá que ser segmentada. É que com a redução de exposição orgânica de empresas e notícias anunciada em janeiro pelo Facebook as campanhas terão que focar no patrocínio para dar visibilidade das postagens com conteúdo diferente das interações pessoais. E essa modalidade de divulgação permite que a mensagem chegue ao eleitor específico, por região, localidade, religião, classe social, comportamento e até preferências, cor de pele, etnia entre outros grupos.

Número de ‘seguidores’ não significa voto na urna, dizem analistas

Com isso, a popularidade dos políticos nas redes sociais deve-se mais ao trabalho profissional de distribuição de conteúdo patrocinado do que ao desempenho pessoal do político em agregar “massas” na internet. E, claro, especialistas também alertam para os casos em que políticos “compram” seguidores de empresas especialisadas.

A eleição deste anos será a primeira a permitir que candidatos paguem para publicar propaganda na timeline alheia. A regulamentação da Lei Eleitoral de 2015 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não impôs limite para gastos com posts patrocinados. O total só não pode ultrapassar o teto máximo para cada tipo de cargo. Com isso, há expectativa de que a campanha eleitoral vá “invadir o Facebook” neste ano.

Pauta - O especialista em estratégia e planejamento para mídias digitais e redes sociais Hilário Júnior aposta que a nova forma de campanha tem mais vantagens do que desvantagens à maioria dos políticos. “Para quem tem assuntos especificos, por exemplo, um candidato que tem a pauta dos negros ou dos moradores de um determinado bairro ou causa, pode usar das segmentações e apresentar suas propostas só pra essas pessoas. É, na verdade, um ganho em ‘inteligência de campanha’ que não se tinha acesso até então”, ressalta.