O Núcleo de Londrina do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, cumpriu sete mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoal na Operação Diarquia, que objetiva desarticular o comando de uma organização criminosa voltada à exploração de jogos de azar (jogo do bicho) e lavagem de capitais no município de Arapongas, no Norte Central do estado, e região.
Os mandados, expedidos pela 1ª Vara Criminal de Arapongas, foram cumpridos nos municípios de Arapongas e Florianópolis (SC), tendo como alvos o suposto líder do esquema, seus familiares e “laranjas” envolvidos na ocultação de patrimônio.
As investigações tiveram início como desdobramento da apuração sobre a exploração do jogo do bicho em Arapongas, anteriormente vinculada a um ex-Presidente da Câmara de Vereadores local. A partir da análise de dispositivos eletrônicos apreendidos, o Gaeco identificou a existência de um sócio oculto, que exercia a liderança e o controle financeiro do esquema criminoso.
Apurou-se que a organização mantinha uma estrutura empresarial de “plantões”, em que os líderes se revezavam mensalmente na administração da banca, arcando com custos e dividindo os lucros. Planilhas e conversas obtidas indicam que a banca controlava ao menos 257 pontos de aposta, com uma arrecadação que tinha possibilidade de gerar um lucro líquido anual estimado em R$ 8 milhões.
Lavagem de dinheiro
Para ocultar a origem ilícita dos valores, o líder da organização montou uma sofisticada estrutura familiar e empresarial, utilizando-se de uma holding, empresas de fachada e de seus próprios filhos e esposa como “laranjas”. Análises técnicas do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), unidade do Centro de Apoio Técnico à Execução (Caex) do MPPR, apontaram incompatibilidades milionárias entre a renda declarada e a movimentação bancária dos investigados, superando R$ 1,2 milhão em determinado período.
O patrimônio identificado inclui imóveis de alto padrão, terrenos em condomínios fechados e apartamentos no litoral de Santa Catarina, muitos registrados em nome da holding familiar para dificultar o rastreamento. Além disso, as investigações identificaram duas aeronaves de pequeno porte vinculadas ao principal investigado. O Juízo também determinou o sequestro de diversos bens imóveis e aeronaves para garantir o perdimento do proveito do crime.