terça-feira, dezembro 01, 2020

Cacique sequestrado em SC é encontrado amarrado na Reserva Indígena de Mangueirinha

O cacique da TI (Terra Indígena) Toldo Pinhal no interior de Seara, no Oeste catarinense, foi libertado pelos sequestradores na tarde de sábado (28). Moacir Cavalheiro, de 35 anos, a esposa e os dois filhos do casal foram feitos reféns por índios armados no começo da manhã.

As vítimas foram levadas separadas por quatro homens e três mulheres em dois carros. A Coordenadoria Regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) foi informada sobre o caso e acionou imediatamente as polícias Militar e Federal, além das equipes de patrulhamento rodoviário da região.

A coordenadora regional da Funai, Azelene Inácio Kaingang, contou ao ND+ que em um dos carros estava a esposa do cacique, de 30 anos, e os dois filhos: uma menina de 11 meses e um menino de 10 anos. O líder da aldeia estava em outro veículo, um Pálio escuro.

“Na fuga, quando estavam passando por Chapecó, o menino começou a vomitar e eles se incomodaram. Então pararam em uma padaria no bairro Passo dos Fortes e um deles desembarcou para comprar água. A mãe das crianças viu dois policiais saindo do local e gritou por socorro. Eles cercaram o carro, prenderam os envolvidos e resgataram as vítimas, perto das 9h de sábado”, detalhou Azelene Inácio, que acompanhou a condução deles para a sede da PF.

A mãe sofreu alguns ferimentos, pois também entrou em luta corporal com os sequestradores ainda na aldeia. Já os filhos não se machucaram.

Cacique refém

Durante a fuga com o cacique, a Funai recebeu informações de que os sequestradores estavam a caminho do estado do Paraná. Na rota, o grupo passou por várias terras indígenas.

Azelene disse que Moacir Cavalheiro foi abandonado amarrado na Terra Indígena Mangueirinha, no Paraná, que pertence à etnia Kaingang. Os sequestradores fugiram e o cacique foi acolhido pelos índios da aldeia.

Moacir foi amarrado pelos pés e mãos, além disso, tinha ferimentos e hematomas em várias partes do corpo. “Ele disse que teve muito medo de que matassem ele e estava preocupado, pois não sabia que os filhos dele já tinham sidos resgatados”, comentou Azelene.

Era perto das 20h de sábado, quando o cacique foi recebido na Terra Indigena Chapecó, onde tem familiares. Depois, foi reconduzido à TI Toldo Pinhal, onde cumpre mandato de quatro anos como líder da aldeia. Cavalheiro foi eleito, de acordo com o regimento interno da comunidade, por voto direto.

Investigação

O delegado da PF Misael Flavio Mazzetti Pires afirmou que o cacique deve prestar depoimento nesta segunda-feira (30). No entanto, não detalhou a investigação sobre o caso.

Azelene Inácio repudiou a atitude e as agressões. “Não há cultura que se sobreponha sobre qualquer violência”, enfatizou.

Alguns dos envolvidos no sequestro já foram presos. A Funai afirma que familiares das vítimas e lideranças indígenas estariam envolvidos no crime.

“Estamos muito chocados e indignados com isso, esperamos que sejam punidos com os rigores da lei”, comentou. A Funai vai enviar um relatório sobre o caso à PF. 

A motivação do sequestro ainda é objeto de investigação, mas testemunhas afirmam que o grupo não é de acordo com a gestão de Moacir.