segunda-feira, abril 20, 2020

PANDEMIA COMERCIAL - Estiagem e pandemia do coronavírus causam prejuízos a produtores do Paraná

A falta de chuva no Paraná está causando vários problemas no campo. Em Curitiba, por exemplo, dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apontam que março foi o mês mais seco desde que as medições começaram a ser feitas, em 1907.

Conforme os dados, na capital, não choveu nem 10% da média para o mês. Em Cascavel, no oeste do estado, os agricultores Elaine e Jair Silva dizem que nunca presenciaram uma seca tão duradoura. Das três nascentes da propriedade, duas secaram. 

O açude, onde havia uma criação de peixes, também secou e foi coberto com terra para virar pasto. Da horta que ocupava dois hectares da propriedade, sobrou apenas um pequeno canteiro com alface e cebolinha onde a rega é feita manualmente pelos agricultores.

Reflexos da pandemia

Produtores de leite do sudoeste do Paraná podem suspender as atividades nas próximas semanas. Os laticínios da região estão com os estoques cheios e sem clientes para desovar a produção.

Em uma das empresas, localizada em Verê, a câmara fria está no limite, com 60 toneladas de manteiga. O produto tinha como destino navios de cruzeiro que, com as viagens canceladas, também suspenderam as encomendas.

A indústria também vendia manteiga, queijo e nata para restaurantes e pizzarias de Curitiba, que também fecharam as portas. A produção foi reduzida em um terço e agora só é vendida para supermercados. Com isso, a empresa deu férias para quase metade dos 140 funcionários.

Em outro laticínio, que fica em Realeza, a produção foi reduzida em 25%. O diretor da Latco, Valdomiro Leite, diz que o maior problema é não ter uma previsão de quando a crise vai passar e o consumo retomar os patamares anteriores. O queijo estocado na empresa pode ser guardado por mais quatro meses apenas.

A crise no setor só não foi maior porque parte do leite recebido dos produtores tinha sido destinado à produção do leite longa vida, já que, nos supermercados, a procura tinha crescido diante da preocupação dos consumidores de fazerem estoque do produto. O preço chegou até a subir no início da crise, mas, com a redução do consumo nos últimos dias, já está voltando ao normal.

O produtor Everton Ferreira diz que há 15 dias entrega o produto nas empresas sem saber ao menos o preço que vai receber pelo litro do leite. Ele diz que muitas empresas já estão orientando os produtores a suspender as entregas.