domingo, dezembro 29, 2019

Camponeses iniciam Vigília contra ameaça de despejo ordenado pelo Governo do Paraná

Risco de despejo atinge mais de 200 famílias que vivem há cerca de 20 anos no complexo de Fazendas Cajati, em Cascavel

Na manhã deste sábado (28), cerca de 300 pessoas realizam um ato de abertura da “Vigília Resistência Camponesa: por Terra, Vida e Dignidade” em Cascavel, região Oeste do Paraná. A ação ocorre às margens da rodovia BR 277, km 557, onde fica o acampamento Resistência Camponesa.


As três principais comunidades ameaçadas de despejo são Resistência Camponesa, Dorcelina Folador e 1º de Agosto, que produzem e se desenvolvem há cerca de 20 anos no local. Todas elas integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e estão localizadas na cidade de Cascavel, no complexo de fazendas Cajati. Ao todo são 213 famílias, cerca de 800 pessoas, sendo pelo menos 250 crianças e 80 idosos.

A Vigília será mantida diariamente entre 10h e 15h, com participação dos moradores de acampamentos e assentamentos da região, e contribuição de moradores da área urbana, apoiadores das comunidades.

As famílias acampadas cobram o fim da violência e dos despejos no campo, querem continuar o desenvolvimento de suas comunidades camponesas e reivindicam o apoio do Estado para a efetivação da reforma agrária, garantida pela Constituição Federal de 1988.

Ratinho Junior (PSD) autorizou nove despejos entre maio a dezembro de 2019, durante seu primeiro ano à frente do governo do Paraná. Ao todo, cerca de 500 famílias tiveram suas casas e produções destruídas, sem qualquer abertura para diálogo por parte das forças policiais. Desde o começo do ano as comunidades sofrem com sobrevoos de aeronaves e drones, uso de bala de borracha e bombas de efeito moral, que causam temor, especialmente às crianças.

A falta de diálogo, a violência crescente e os despejos ilegais têm causado inquietação nas cerca de 7 mil famílias que vivem em acampamentos em todo o Paraná. São cerca de 80 ocupações, todas elas em áreas declaradas improdutivas, áreas confiscadas do tráfico de drogas, áreas denunciadas por trabalho escravo ou de grandes sonegadores de impostos.

Fotos: Diangela Menegazzi