Essa alerta vem de um estudo preliminar conduzido pelo NAPI Biodiversidade – Serviços Ecossistêmicos em parceria com o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo a pesquisa, o aquecimento global pode levar à
extinção local de até 54% das espécies nativas do Paraná até 2100. Além
da Araucária, a erva-mate pode ser extinta, um vez que a cultura pode
perder até 60% do ambiente adequado ao seu crescimento.
A
extinção dessas espécies no Paraná compromete não apenas a cultura e a
economia locais, mas também as relações ecológicas fundamentais, como a
dispersão de sementes da araucária pela gralha-azul.
“À medida
que a temperatura sobe, os impactos sobre a biodiversidade se
intensificam de forma acelerada, não linear. Pequenas diferenças, como
entre 2,9°C e 3,5°C, podem determinar se uma espécie sobrevive ou
desaparece localmente”, explica Victor Zwiener, pesquisador do
Departamento de Biodiversidade da UFPR em Palotina.
As áreas mais
expostas aos impactos climáticos são os Campos Gerais e a floresta
estacional, localizadas principalmente nas bacias dos rios Paraná e
Paranapanema. Nessas regiões, o aumento da temperatura pode chegar a
5,3°C em cenários mais graves.
A pesquisa ressalta ainda que as
análises consideraram apenas efeitos climáticos, sem incluir o
desmatamento contínuo, o que pode tornar a situação ainda mais crítica.
Na
primeira fase, o projeto modelou a distribuição de 76% das plantas, 95%
das aves, 85% dos mamíferos, 89% dos répteis, 83% dos anfíbios e 67%
dos peixes nativos do Paraná, identificando áreas prioritárias para
conservação e restauração.
Mesmo diante das projeções
preocupantes, Weverton lembra que os cenários não significam a extinção
automática das espécies. “As projeções indicam tendências, não destinos
certos. O estudo serve como alerta e como guia para reduzir os
impactos”, pondera o pesquisador.