domingo, setembro 14, 2025

Araucária e Erva Mate , símbolos do Paraná, correm o risco de desaparecer do território paranaense até o fim deste século.

Essa alerta vem de um estudo preliminar conduzido pelo NAPI Biodiversidade – Serviços Ecossistêmicos em parceria com o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Segundo a pesquisa, o aquecimento global pode levar à extinção local de até 54% das espécies nativas do Paraná até 2100. Além da Araucária, a erva-mate pode ser extinta, um vez que a cultura pode perder até 60% do ambiente adequado ao seu crescimento.

A extinção dessas espécies no Paraná compromete não apenas a cultura e a economia locais, mas também as relações ecológicas fundamentais, como a dispersão de sementes da araucária pela gralha-azul.

“À medida que a temperatura sobe, os impactos sobre a biodiversidade se intensificam de forma acelerada, não linear. Pequenas diferenças, como entre 2,9°C e 3,5°C, podem determinar se uma espécie sobrevive ou desaparece localmente”, explica Victor Zwiener, pesquisador do Departamento de Biodiversidade da UFPR em Palotina.

As áreas mais expostas aos impactos climáticos são os Campos Gerais e a floresta estacional, localizadas principalmente nas bacias dos rios Paraná e Paranapanema. Nessas regiões, o aumento da temperatura pode chegar a 5,3°C em cenários mais graves.

A pesquisa ressalta ainda que as análises consideraram apenas efeitos climáticos, sem incluir o desmatamento contínuo, o que pode tornar a situação ainda mais crítica.

Na primeira fase, o projeto modelou a distribuição de 76% das plantas, 95% das aves, 85% dos mamíferos, 89% dos répteis, 83% dos anfíbios e 67% dos peixes nativos do Paraná, identificando áreas prioritárias para conservação e restauração.

Mesmo diante das projeções preocupantes, Weverton lembra que os cenários não significam a extinção automática das espécies. “As projeções indicam tendências, não destinos certos. O estudo serve como alerta e como guia para reduzir os impactos”, pondera o pesquisador.