Nesta terça-feira, logo após o retorno das férias coletivas de alguns funcionários que ainda trabalhavam na empresa, que a notícia se confirmou: a Araupel, hoje Millpar, encerrou oficialmente suas atividades em Quedas do Iguaçu, depois de cerca de 53 anos de história.
Nos anos de ouro, a empresa chegou a ter mais de 5 mil funcionários diretos e dezenas de empregos indiretos, movimentando intensamente a economia e transformando Quedas do Iguaçu em referência no setor madeireiro, tanto no Paraná quanto no Brasil. Para muitas famílias quedenses, a Araupel não foi apenas um emprego — foi sustento, dignidade e oportunidade de vida.
O declínio começou com as invasões de terras promovidas pelo MST, que levaram à perda de quase toda a área produtiva da empresa. Mesmo abalada, a direção não desistiu: manteve suas portas abertas, expandiu para Guarapuava e tentou sustentar as duas unidades em funcionamento, numa clara demonstração de resistência.
Mas, recentemente, outro golpe pesou sobre o setor. As taxações impostas pelos Estados Unidos à madeira serrada e produtos derivados tornaram os custos ainda mais altos e reduziram a competitividade. Diante disso, a Millpar viu-se obrigada a tomar a decisão mais amarga de sua história: encerrar a unidade em Quedas do Iguaçu e concentrar a produção apenas em Guarapuava.
O anúncio pode ter passado quase despercebido, mas o impacto é profundo. Hoje, a economia quedense vai de mal a pior sem uma empresa de porte desse tamanho. A saída da Araupel/Millpar não é só o fechamento de uma fábrica: é o fim de uma era que marcou gerações.
Fica a lembrança de quando as serrarias marcavam o ritmo da cidade e impulsionavam a prosperidade. Fica também o vazio deixado por uma gigante que ajudou a erguer Quedas do Iguaçu — e a dúvida sobre como a cidade seguirá sem seu maior motor econômico por mais de cinco décadas.