sábado, abril 19, 2025

Novas ferrovias podem revolucionar o transporte de cargas no Paraná

Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul planejam a ampliação da malha ferroviária e a construção de novas linhas para a transformação do modal de transporte de cargas, que é considerado fundamental para as operações logísticas e escoamento da produção via trilhos até os portos na região Sul do país.

Em Santa Catarina, o porto de Itapoá solicitou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a outorga da construção e operação de duas ferrovias no norte do estado para ligação do terminal à malha ferroviária nacional. Uma das linhas férreas prevê a conexão de Itapoá a Araquari, também no norte catarinense, pelo trajeto de 113 quilômetros de extensão. Segundo o projeto, a outra ligação por trilhos terá 83 quilômetros entre Itapoá e Morretes, no litoral do Paraná.

O porto de Itapoá movimenta mais de 70 mil contêineres por mês e realiza entre 1,6 mil e 2 mil transações diárias de carregamento de cargas em caminhões. Com a obra de dragagem do acesso à Baía da Babitonga, lançada no último dia 22, o porto será o primeiro do Brasil a receber navios de 366 metros de comprimento com capacidade máxima, sem restrições, o vai possibilitar um aumento de até 60% na movimentação de contêineres.

“O porto possui linhas de navegação para todos os mercados do mundo, destacando-se a Ásia, sobretudo a China, além da Europa e dos EUA. Por isso, é importante a adequação de outros modais de transporte, aumentando sua capacidade, segurança e previsibilidade”, avalia o CEO do porto de Itapoá, Ricardo Arten. O objetivo do projeto é criar alternativas eficientes ao transporte rodoviário, que domina o cenário logístico para escoamento de cargas a granel, madeira, minérios e contêineres.

Outro projeto na região Sul prevê a construção da linha férrea em um percurso de 1.549 quilômetros entre Terra Roxa (PR) e Arroio do Sal (RS). A ligação é considerada estratégica pelo trajeto que vai do noroeste do Paraná, na divisa com o estado do Mato Grosso do Sul e próximo à fronteira com o Paraguai, até a cidade gaúcha, onde deve ser construído um novo porto com recursos federais. No final do ano passado, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou o investimento de quase R$ 1,3 bilhão para a construção do porto de Arroio do Sal.

A construção da linha férrea foi soliticada à ANTT pela Doha Investimentos e Participações, com apoio de investidores russos, que poderá administrar a ferrovia por 99 anos. As novas estradas de ferro no Sul do país ainda não foram aprovadas pela ANTT. Após a autorização, os projetos devem avançar para o estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental para definição dos traçados e custos das obras.

PARANÁ

O Governo do Paraná adiou para 2025 o leilão do projeto de ampliação da estrada de Ferro Paraná Oeste S.A, mais conhecida como Ferroeste. O novo traçado, com 1.567 quilômetros, vai ligar o município de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, até o porto de Paranaguá, no litoral paranaense. Também será criado um ramal entre Foz do Iguaçu e Cascavel e a conexão com Chapecó (SC).

Após a concessão, a expectativa é que a Nova Ferroeste seja o segundo maior corredor de grãos e contêineres do país. A administração da malha paranaense é feita pela Rumo, que administra 2.039 quilômetros de ferrovias, e pela Ferroeste, uma sociedade de economia mista que opera 248,5 quilômetros de malha.

Enquanto o Brasil conta com menos de 30 mil quilômetros de ferrovias, os Estados Unidos, por exemplo, possuem uma malha ferroviária de 295 mil quilômetros. A Argentina, com território menor cerca de três vezes em comparação ao Brasil, possui uma malha ferroviária de 36,9 mil quilômetros.