sexta-feira, maio 23, 2025

Cultivo de erva-mate do Paraná vira Patrimônio Agrícola Mundial das Nações Unidas

O cultivo da erva-mate sombreada nas florestas de araucárias do Paraná foi eleito, nesta quarta-feira (21), pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como Patrimônio de Sistemas Agrícolas de Importância Global (Giahs). O título reconhece sistemas produtivos sustentáveis que valorizam o conhecimento tradicional e a agrobiodiversidade. A FAO é a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que lidera esforços internacionais para erradicar a fome, melhorar a nutrição e garantir a segurança alimentar em todo o mundo

O reconhecimento da erva-mate paranaense pela FAO é apenas o segundo título concedido pelo órgão ao Brasil, ao lado dos apanhadores de flores sempre-vivas da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Em todo o mundo, 95 sistemas de 28 países são considerados Patrimônio Agrícola Mundial.

O Paraná é o maior produtor brasileiro de erva-mate. A produção no Estado envolve cerca de 30 mil famílias paranaenses e movimenta cerca de R$ 1,3 bilhão, de acordo com os dados de Valor Bruto da Produção (VBP) de 2023. As estimativas apontam que cerca de 70% de toda a área de cultivo de erva-mate do Paraná é feita pela técnica sombreada.

O cultivo sombreado, diferentemente do cultivo a pleno sol, é feito debaixo de florestas nativas, principalmente de araucárias. Com uma incidência de luz diferenciada, a planta contém mais taurina e teobromina, que são componentes mais valorizados pelas indústrias de chás, de energéticos e de cosméticos, por exemplo.

Histórico

Ao premiar o produto paranaense, a FAO reconheceu a história do modelo, que foi desenvolvido há séculos pelos povos indígenas e pelas comunidades tradicionais do Paraná que servem como exemplo de manejo florestal sustentável e de continuidade cultural.

O sistema funciona ainda como um pilar fundamental de renda para milhares de famílias da região Centro-Sul do Estado, onde há uma dificuldade de exploração da agricultura tradicional por conta da topografia da região.

Entendendo esta vocação regional, o IDR-Paraná atua junto aos produtores com trabalhos de extensão rural, capacitando as famílias que trabalham com o cultivo. As orientações passam pela seleção das mudas até a colheita e o controle de pragas.

Visando a conquista de novos mercados, o Estado também promove oficinas aos produtores pelo programa Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) da Invest Paraná, agência de captação de negócios do Governo do Estado. As atividades têm o objetivo de profissionalizar a cadeia de produtos típicos paranaenses.