quinta-feira, maio 29, 2025

Clã Boca Aberta: ex-deputado federal, mulher e filho são condenados à inelegibilidade até 2030

O ex-deputado federal Emerson Petriv, o Boca Aberta (Solidariedade), sua esposa e ex-vereadora de Londrina (PR), Marly de Fátima Ribeiro, a Mara Boca Aberta, e o filho do casal e ex-deputado estadual pelo Paraná, Matheus Viniccius Petriv, o Boca Aberta Jr. foram condenados à inelegibilidade até 2030. A decisão por unanimidade foi proferida na noite de terça-feira (27) pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). O ex-deputado já era considerado inelegível pela Justiça Eleitoral até este ano. Ele teve a diplomação como deputado federal cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2021.

 De acordo com ação apresentada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e pelo vereador João Bettega (União Brasil), de Curitiba, nas eleições de 2022, já cassado e inelegível, Boca Aberta simulou e apresentou uma candidatura inexistente ao Senado, com o objetivo de alavancar as candidaturas à deputada federal da esposa e a deputado estadual do filho. De acordo com a acusação, Boca Aberta teria utilizado recursos da candidatura da esposa à Câmara dos Deputados para divulgar sua candidatura fantasiosa ao Senado.

Mesmo não tendo sido escolhido candidato pelo seu então partido na época, o Agir, e com o registro da candidatura negado pela Justiça Eleitoral, Boa Aberta continuou em campanha ao Senado junto com a mulher e o filho, o que teria, segundo a ação, sido feito para ajudar a alavancar o nome dos dois familiares, que também concorreram com o nome de urna de Boca Aberta. Em todo material gráfico de campanha e na internet, os três eram apresentados juntos como candidatos, com destaques para o ex-deputado.

A estratégia não funcionou. Nas eleições de 2022, Boca Aberta Jr. não foi reeleito para uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná, onde havia entrado como o deputado mais jovem da história nas eleições de 2018. Mara Boca Aberta também não conseguiu a vaga como deputada federal. Nas eleições do ano passado, ela tentou a reeleição ao cargo de vereadora de Londrina, mas também ficou de fora da Câmara na maior cidade do interior do Paraná, base eleitoral da família.
Relator aponta desinformação com impacto no eleitorado por "candidatura fake" de Boca Aberta

Na avaliação do desembargador Luiz Osório Moraes Panza, relator do caso, aponta que os integrantes da família estiveram envolvidos na divulgação da falsa candidatura com uso de dinheiro público. "Toda essa sequência de fatos revela a inequívoca ciência e participação dos três investigados na divulgação da candidatura fake de Boca Aberta, no emprego de recursos públicos para aludida divulgação, gerando desinformação com impacto no eleitorado", afirma o relator em seu voto. Ele foi seguido por unanimidade pelos outros desembargadores do TRE-PR.

O ex-deputado federal cotesta a decisão e argumenta que foi autorizado a seguir com a campannha ao Senado em 2022. Nas eleições municipais do ano passado, ele também tentou lançar a candidatura a prefeito de Ibiporã (PR), na região metropolitana de Londrina.

“Eu tive uma decisão judicial da própria Justiça Eleitoral do Paraná em 2022, que me autorizou a fazer campanha, enquanto eu recorria e meu caso era analisado”, afirma Boca Aberta à Gazeta do Povo. “Agora vem o TRE com uma decisão mandrake, fake news, contra minha família. Eles mesmos disseram que eu podia fazer campanha até uma decisão final”, diz. O ex-deputado afirma que a família vai recorrer.

Segundo o advogado que apresentou a denúncia, Arthur Rollo, Boca Aberta buscou de de forma ilegal, eleger a esposa e o filho e a condenação deve "prevenir condutas ilegais nas próximas eleições". "Ele inovou na forma de enganar os eleitores e de abusar do poder econômico, porque lançou uma candidatura falsa ao Senado, mesmo sem ter sido escolhido na convenção de seu partido e após seu pedido de registro dessa falsa candidatura não ter sido sequer conhecido pela Justiça Eleitoral”, afirma Rollo.