As empresas Copagril, Frimesa, Aurora, Lar e C.Vale anunciaram, nesta quarta-feira (23), a suspensão do abate de animais, aves, peixes e suínos, devido a greve dos caminhoneiros que impossibilita o transporte das cargas.
Produtores de leite também começaram a descartar a bebida na região dos Campos Gerais do Paraná. Fazendas não mais onde estocar a produção e com a paralisação, não há transporte para doação ou entrega do produto.
A greve dos caminhoneiros contra o preço do óleo diesel começou na última segunda-feira (21) e atinge vários estados brasileiros. Hoje, o Paraná tem 80 pontos de manifestação nas estradas que cortam o estado, de acordo com as polícias rodoviária estadual e federal.
Carnes
A C. Vale, em Palotina, no oeste do Paraná decidiu suspender o abate de frangos e peixes a partir de hoje. São mais de 530 mil frangos e 50 mil tilápias processados por dia na cooperativa.
Outra empresa (Frimesa), também da região oeste, que tem unidades nas cidades de Medianeira e Marechal Cândido Rondon também decidiu suspender o abate de suínos e alegam prejuízos de 500 mil litros de leite ao dia. Ainda de acordo com a empresa, há matéria-prima suficiente para produção de lácteos até quinta-feira (24) e após isso deve haver desabastecimento.
A Lar Cooperativa Agroindustrial, em Medianeira, comunicou que o abate e industrialização de produtos de frango foram suspensos hoje, de acordo com a empresa, não há espaço para estocar os alimentos. A BRF em Dois Vizinhos, no sudoeste, informou ontem que por falta de embalagens (caixas de papelão) também teria que suspender parte das atividades.
Vão suspender também a partir de amanhã o abate de animais Copagril e a Aurora.
Leite
Com colonização holandesa e alemã, a região dos Campos Gerais tem um dos leites de melhor qualidade do Brasil.
A propriedade que está descartando o leite fica na colônia alemã de Witmarsum, a 60 quilômetros de Curitiba. No final de semana o leite normalmente não é transportado. E logo a seguir, na segunda-feira, começou a paralisação dos caminhoneiros. O problema é que o rebanho tem que ser ordenhado diariamente, por uma questão de saúde dos animais. E com isso a produção de leite cresce continuamente, sem ter como ser estocada.
Até os tanques, que foram emprestados de vizinhos, nesta situação de emergência, também já estão cheios. O dono da fazenda e laticínios, Manfred Rosenfeld, que produz leite tipo A, afirma que não tem mais como evitar os prejuízos.
“Eu vou soltar o leite da nossa estanqueira e ele vai ser distribuído sobre as nossas pastagens, porque não tem outra coisa a fazer, preciso jogar fora”, afirmou.