terça-feira, junho 18, 2019

Sudoeste utiliza o dobro de agrotóxicos que a média nacional, aponta relatório do MPT

E agora José ...?
A população da região está mais exposta a agrotóxicos do que a média dos brasileiros. Essa é a constatação de um levantamento do Ministério Público do Trabalho (MPT) com base nas informações do Siagro (Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos do Estado do Paraná): enquanto no País a média é de sete litros por habitante/ano, na região o índice é de pouco mais de 14 litros por habitante/ano.

O dado foi apresentado na audiência pública promovida ontem em Francisco Beltrão. Organizado pelo Fórum Paranaense de Combate aos Agrotóxicos, Transgênicos e Fertilizantes Químicos com apoio de entidades regionais, o evento discutiu o impacto do uso indiscriminados de defensivos na agricultura e seu impacto para a saúde e meio ambiente.

“Recentemente tivemos um levantamento que mostrou a presença de agrotóxicos na água consumida pela população e também temos estudos que indicam que a região Sudoeste possui índices maiores de neoplasias e bebês com má-formação que a média do Estado”, afirma a procuradora regional do Trabalho, Margaret Carvalho, sugerindo que estes problemas de saúde têm relação com os produtos usados em lavouras.

Outra preocupação levantada pela procuradora é a ampliação do registro de 169 defensivos químicos. “Se com o atual cenário já temos uma situação preocupante, imagina se ampliarmos o leque de agrotóxicos utilizados”, pontua Margaret.

Os estudos

Pesquisadores da Unioeste e UTFPR também mostraram resultados de estudos realizados nas duas instituições relacionados aos impactos dos agrotóxicos. O professor Rodrigo Lingnau, coordenador do mestrado em Engenharia Ambiental da UTFPR, apontou que “através de biomonitoramento, o grupo identificou há evidências de pequenas mutações [mutagênese] em animais e plantas”, mas que não foi possível identificar quais os produtos que podem estar causando as anomalias devido a falta de equipamentos e reagentes adequados.

As bacias dos rios Marrecas, Chopim e Marmeleiro, além da sub-bacia do Rio 14, foram analisadas no estudo, que descobriu características de mutagenecidade e citotoxidade nas células.