segunda-feira, abril 29, 2019

Casos disparam e Paraná vive epidemia de sífilis e HIV/Aids

Dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revelam que os casos de HIV e sifílis adquirida, transmitidas sexualmente, explodiram nos últimos anos no Paraná, tornando-se uma epidemia.

Entre 2010 e 2015, último ano com dados disponíveis, o número de notificações da primeira doença saltou 262%, enquanto os casos de sífilis tiveram um aumento bem mais expressivo, de 14.114%. As informações são de Rodolfo Luis Kowalski, no Bem Paraná.

De acordo com os dados do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais (DIAHV), em cinco anos foram registrados 9.037 casos de sífilis adquirida no Estado.

Em 2010, primeiro ano da análise, haviam sido 29 notificações. Em 2015, foram 4.122, um aumento de 82,1% na comparação com 2014, quando haviam sido 2.264 notificações.

Com relação aos casos de HIV, o crescimento nas notificações até que foi menor, mas igualmente alarmante. Até 2012, o número de registros permanecia abaixo de 760 por ano. No ano seguinte, praticamente dobrou, chegando a 1.401 notificações. Em 2015, o recorde: 2.242 casos notificados.

Para o médico infectologista Alceu Pacheco Junior, do Departamento de Inscrição e Qualificação Profissional (DEIQP) do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), um elemento presente no aumento de notificações para as doenças é o descuido da população, especialmente aquela considerada de maior risco — jovens com idade entre 18 e 23 anos e homossexuais.

No caso do HIV e Aids, o que notamos é que jovens, principalmente gays, têm um certo destemor em relação à doença. Antes existia um pavor de pegar Aids, mas hoje, a impressão que temos é ‘se pegar, está tudo bem, tem tratamento. Essa é uma constatação de quem está atendendo em consultório’, afirma o especialista.

Com relação à sífilis, o médico aponta que a falta de penicilina, tratamento preferencial para a doença, é um problema e um dos fatores que estariam relacionados com a alta no número de casos. É uma falta nacional, não é só no Paraná, e existe por parte dos farmacêuticos até um certo desinteresse de produzir medicamentos que custam muito pouco, como a penicilina, explica.

Existem pelo menos 15 tipo de DSTs. As mais conhecidas são a gonorréia, o HPV e a candidíase.