quinta-feira, janeiro 03, 2019

Coronel escolhido para comandar 5º CRPM já foi preso acusado de facilitar contrabando na fronteira

O Órgão Oficial de ontem (2) confirmou o nome de Nivaldo Marcelos da Silva para a função de Comandante do 5º Comando Regional da PM, com sede em Cascavel, mas que incorpora dezenas de cidade do Oeste e Sudoeste, incluindo faixa de fronteira.

O Coronel está na PM desde 1988. Ao pesquisar seu histórico, é possível encontrar reportagens que relatam que ele foi preso pela Polícia Federal na Operação Comandos, em 2006, na cidade de Foz do Iguaçu. Na época ele e outros três policiais foram acusados de facilitar contrabando e descaminho na região do lago de Itaipu.

Na época a Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) divulgou que uma carga de informática foi abordada na região de Toledo e os policiais foram acusados de ficar com parte dos equipamentos, situação que teria motivado um inquérito militar e culminou na detenção.

 Ao pesquisar o nome dos outros detidos na época é possível identificar que um sargento e um soldado, acusados juntamente com Nivaldo, não aparecem mais na folha de pagamento do Governo do Estado.

Outra situação envolvendo o Coronel Nivaldo Marcelos da Silva é uma ação de improbidade administrativa que tramita na Vara da Fazenda Pública de Medianeira. O processo está em segredo de justiça, mas há disponível, em modo público, um recurso apresentado pelo militar ao Tribunal de Justiça (TJ).

O Ministério Público (MP) ajuizou Ação Civil Pública depois de quebrar o sigilo bancário de Nivaldo e constatar que em 2006 ele teve movimentações bancárias desproporcionais ao seu salário.

“Somente no período de abril à setembro de 2006 NIVALDO MARCELOS DA SILVA recebeu remuneração no valor somado de R$24.828,10. A despeito disso, outros R$264.182,92 também ingressaram nas contas bancárias do requerido, quase que integralmente provenientes de depósitos em espécie e cheques”

Segundo o MP, na documentação oficial pública, 91% dos créditos nas contas bancárias não possuiria fonte declarada e no período de apuração a movimentação bancária de Nivaldo teria sido mais de dez vezes superior à sua remuneração.

O MP pediu que o coronel Nivaldo comprovasse a origem do dinheiro (inversão do ônus da prova) o que motivou o recurso no TJ que tramitou até 2015. Os desembargadores negaram o recurso por unanimidade. Na época Nivaldo disse que não havia indícios de improbidade e que a ação estava prescrita, pois o inquérito foi instaurado apenas em 2011. Devido ao sigilo na ação original, no entanto, não é possível saber qual foi o desfecho do caso.

A última remuneração bruta de Nivaldo, disponível no Portal da Transparência do Governo do Estado, foi de R$ 65.581,53, onde constam Férias/13º salário. A remuneração padrão tem sido de R$ 27.527,25. 

Até a nomeação para o 5º Comando, Nivaldo atuava no 23º Batalhão da Polícia Militar, em Curitiba. O 5º Comando Regional da Polícia Militar inclui os batalhões de Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo, Francisco Beltrão e Pato Branco.

A nomeação vem assinada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, pelo chefe da Casa Civil, Guto Silva e pelo Secretário de Estado de Segurança Pública, Luis Felipe Kraemer Carbonell.

Antes mesmo de o nome de Nivaldo ter sido confirmado para o comando do 5º CRPM, a informação de que ele seria o escolhido trouxe mal estar entre oficiais da PM que atuam em Cascavel e região, por conta, principalmente da prisão em 2006, com a acusação de facilitar contrabando justamente na área em que ele passará a comandar.